Sidrolandia
Definição de direitos deve envolver populações atingidas, defende movimento
Em conversa com a imprensa, Paulo criticou a ausência de alerta sonoro capaz de alertar a população que vivia no distrito de Bento Rodrigues, zona rural desolada pela lama.
Correio do Estado
20 de Novembro de 2015 - 10:36
A negociação e a definição
de direitos das pessoas atingidas pelo rompimento de duas barragens em Bento
Rodrigues, distrito de Mariana (MG), devem envolver diretamente os povos
afetados pela tragédia. O alerta é do representante do Movimento dos Atingidos
por Barragens, Paulo Dias.
"É uma regra das mineradoras e das grandes empresas de barragens
hidrelétricas individualizar o caso e não tratar de forma coletiva, com a
participação direta das comunidades atingidas", disse.
"A empresa negocia de forma individual, isolando caso a caso e geralmente
impõe uma medida que é negociada com o Ministério Público ou com a prefeitura,
mas os próprios atingidos não definem como vai ser a vida daqui pra
frente", completou.
Em conversa com a imprensa, Paulo criticou a ausência de alerta sonoro capaz de
alertar a população que vivia no distrito de Bento Rodrigues, zona rural
desolada pela lama. O representante do movimento também condenou a estratégia
adotada pela mineradora Samarco após o rompimento das barragens de fazer
ligações para avisar os moradores sobre o ocorrido.
"É um caso recorrente e sistêmico da mineração. Não deve ser tratado como
um problema pontual, mas como um problema da mineração como um todo",
avaliou. "Existe um contingente grande de barragens de rejeitos no estado
de Minas Gerais e existem algumas em áreas de risco. Não é uma situação
isolada."
Durante visita à Mariana, a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos
Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, disse que vai acompanhar a situação dos
desabrigados e desalojados, em especial crianças, adolescentes, idosos e
pessoas com deficiência.
"São grupos já em situação de vulnerabilidade, de risco e que, num momento
de desastre como esse que está acontecendo, precisam ser olhados com mais
atenção", disse. "É preciso ter a participação das pessoas nas
decisões que serão tomadas. É muito importante ouvir sociedade civil, grupos
organizados, sindicatos, movimentos e também moradores", concluiu.