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Sidrolandia

Delcídio do Amaral nega ter recebido propina pela compra de Pasadena

Lobista relatou que líder do governo recebeu propina de US$ 1,5 milhão. Senador disse que seu nome "não está na lista" de quem recebeu benefícios.

G1

20 de Outubro de 2015 - 17:53

O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), negou nesta terça-feira (20) ter recebido propina pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O petista disse ainda que a citação a seu nome é "lamentável".

Na última sexta-feira (16), o Jornal Nacional divulgou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou, em delação premiada, que Delcídio recebeu US$ 1,5 milhão de propina pela compra da refinaria norte-americana. O negócio foi feito pela Petrobras em 2006 e rendeu um prejuízo de US$ 790 milhões aos cofres da estatal.

"A mídia teve acesso aos autos e, nos autos, a mídia cita especificamente como os benefícios foram divididos. E esses benefícios estão muito bem definidos quem recebeu e meu nome não está na lista, não. Agora, onde que está escrito isso, só o tempo vai dizer", afirmou após reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Na sexta (16), Delcídio informou, por meio de nota, que considerava absurda a menção feita por Baiano na delação. Nesta terça, entretanto, foi a primeira vez que o líder do governo fez declarações a jornalistas sobre o assunto.

Depois de ser questionado sobre se a citação de seu nome tornava desconfortável a permanência no cargo de líder do governo, o senador disse que o cargo é da presidente Dilma Rousseff.

"Ela tira, mantém, ela faz aquilo que é mais conveniente no entendimento dela. E eu nunca tive nenhuma dificuldade com relação a isso. Agora, evidentemente é um fato lamentável [a citação de seu nome]", disse.

Em seguida, Delcídio repetiu que conheceu Fernando Baiano na década de 1990, por meio do empresário espanhol Gregório Marin Preciado. "No momento em que ele faz a delação, é momento que eu era presidente da CPI dos Correios. Portanto, não tinha nenhuma aproximação com o governo, até porque naquela época eu era persona non grata no governo em função do meu comportamento", completou o senador.

Delcídio diz que a delação de Baiano cita afirmações feitas por outras pessoas. "A delação é assim, [...] sempre é por 'ouvi dizer', [fala] de terceiros. Nunca é falado diretamente como ele sendo o responsável pela afirmação. É sempre um terceiro dizendo a ele alguma coisa", disse.

Ainda sobre Pasadena, Delcídio reforçou ter certeza de que seu nome não está entre os beneficiados pela operação. "É só pegar a mídia de duas ou três semanas e vocês vão ver como é que os benefícios foram distribuídos", afirmou.

Sondas

O nome de Delcídio do Amaral também foi citado em outro contrato da Petrobras, que trata do aluguel de navios-sonda para a estatal. Segundo Baiano, houve um acordo entre Delcídio, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Silas Rondeau, também filiado ao PMDB, para dividir entre si suborno de US$ 6 milhões.

Nesta terça, Delcídio disse que a citação é uma "coisa curiosa" e que não tem lógica, já que ele estaria negociado com o PMDB, partido de um concorrente seu nas eleições no Mato Grosso do Sul.

"Com relação às sondas, primeiro uma coisa curiosa. Eu, discutindo com o governo, priorizando candidatura do PT, contra candidato no Mato Grosso do Sul do PMDB. Quer dizer, o PMDB fazendo a combinação comigo para eu enfrentar um candidato deles. Uma coisa sem nenhuma consequência, sem nenhuma lógica", disse.

Também nesta terça, Renan Calheiros falou com a imprensa ao chegar no Senado e afirmou que não conhece e nunca viu o lobista Fernando Soares. ""Não conheço [Fernando Baiano]. Não tem nenhuma consistência [a delação premiada]. Não há fato, não conheço a pessoa, nunca vi", disse Renan