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Sidrolandia

Estados têm grandes desafios para melhorar a competitividade em 2017

No ranking da competitividade muitos estados brasileiros estão abaixo do ideal e há um caminho longo a percorrer.

G1

28 de Dezembro de 2016 - 07:53

Competitividade é a chave do crescimento nas economias modernas. E em matéria de competitividade vamos mal e temos um enorme desafio para 2017.

O ranking de competitividade coloca na nossa frente 65 indicadores. O custo de energia, a produtividade no trabalho, o tamanho do mercado e por aí vai. Esses itens são separados em dez grandes grupos como potencial de mercado, solidez fiscal e educação. O estado que tem a melhor segurança pública, por exemplo, ganha nota 100. O pior leva zero.

SÃO PAULO

No ranking geral, São Paulo aparece em primeiro lugar. Foi o melhor em quatro dos dez pilares. Inovação, potencial de mercado, infraestrutura, educação. Doce ou salgado, não importa. Aparência ajuda a vender. Por isso, as vitrines da loja ganharam sensores.

Imagina todas as tortas derretendo de uma vez porque ninguém percebeu que o motor da vitrine estava para queimar. Evitar isso não é bom só para os amantes do chocolate e para o gerente, que levaria uma baita bronca. Uma inovação como essa significa melhorar os resultados da empresa. Os funcionários faziam a medição de hora em hora. O sistema, a cada 30 segundos. As informações de temperatura e umidade vão para o computador da fábrica, que alerta se alguma coisa não estiver bem. Isso evita a perda de produtos. O desperdício na rede de lojas custa R$ 180 mil por mês. 

"Hoje a gente está procurando uma redução de custo e tudo o que puder ajudar a gente é muito bem vindo. E hoje a tecnologia, cada vez mais, está fazendo isso", diz Alexandre Martins, diretor industrial da Ofner.

A startup que criou o sistema nasceu em uma encubadora da USP. A maior parte dos funcionários tem mestrado ou doutorado e a empresa teve acesso a linhas de crédito especiais.

"Para o tipo de solução que nos desenvolvemos, que é uma solução com alto componente tecnológico, uma solução complexa e extremamente inovadora, é melhor instalado aqui em São Paulo. Então para a gente ter nascido em São Paulo e ter se desenvolvido em São Paulo foi também um fator decisivo", explica Antonio Carlos Rossini, fundador da Nexto.

Mas não foi um ano bom para São Paulo. Perdeu ponto no ranking porque a crise afetou as indústrias, que têm um peso importante na economia do estado.

"São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados mais endividados do brasil, fica mais difícil eles honrarem o compromisso da divida. Então esse conjunto de crise econômica com crise fiscal fez com que esses estados tenham sido mais prejudicados e tenham, portanto, perdido competitividade neste ano em relação aos demais estados", aponta Fábio Klein, analista de finanças públicas da Tendências Consultoria.

Nem todo mundo sofreu tanto com a crise. Os estados onde a agropecuária é forte resistiram mais. Mato Grosso do Sul subiu quatro posições no ranking desde o ano passado.

MATO GROSSO DO SUL

O Mato Grosso do Sul é uma das referências nacionais na produção de carne. O agronegócio responde por 36,7% da arrecadação do Mato Grosso do Sul. Ajudou o estado a fechar 2015 com superávit nas contas e a solidez fiscal.

Para os responsáveis pelo estudo, o desafio agora é melhorar em pilares com nota baixa, como segurança, Mato Grosso do Sul é só o 14º estado no ranking por esse quesito.

O ranking de competitividade mostra que o Brasil ainda é divido em dois. Os estados do Norte e do Nordeste na metade de baixo. Alagoas continua na última colocação e, pior, praticamente todas as notas do estado estão abaixo da média nacional.

ALAGOAS

Três lojas de bolos e uma de artigos femininos. Para a empresária Eliana, de Maceió, vencer a crise não é mais difícil do que encontrar funcionários qualificados. E não é por falta de candidatos. Os currículos chegam, são muitos, o difícil é achar a pessoa com o conhecimento básico para preencher a vaga.

"São jovens, 18, 20 anos, que não se qualificam e a exigência não é nem tão grande. É você saber manusear um computador, um sistema de informática", diz a empresária Eliana Custódio de Melo.

Alagoas teve um desempenho fraco no pilar "capital humano". O problema, dizem os especialistas, está na base: crianças e jovens que não conseguem uma boa educação. A competitividade também é prejudicada por questões básicas: só 14,9% dos municípios alagoanos contam com saneamento básico, por exemplo.

Na soma de todos os estados, quem saiu perdendo foi o Brasil. Perdemos tempo, empregos, investimentos e os gargalos da economia continuam no caminho da nossa competitividade.