ECONOMIA
6 a cada 10 idosos de MS estão endividados, aponta Serasa
O Estado ocupa o 5º lugar entre os maiores inadimplentes do País. Além disso, cresce, também, o número de golpes simulando falsas negociações das dívidas.
Correio do Estado
07 de Dezembro de 2025 - 15:26

Em outubro de 2025, Mato Grosso do Sul somou 234.332 pessoas acima de 60 anos com dívidas, segundo levantamento da Serasa informado ao Correio do Estado. Esse número representa aproximadamente 60% (59,91) do número total dos idosos do Estado que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, era de 391,1 mil em 2022. Ou seja, a cada 10 idosos, 6 possuem dívidas em aberto na praça.
A estatística segue um padrão nacional de endividamento. Segundo o levantamento do mês de outubro realizado pela Serasa, 15.453.776 pessoas acima de 60 anos estão inadimplentes, o que representa 19,7% da população brasileira.
Esse aumento da inadimplência entre idosos é explicado por especialistas como uma combinação de fatores: renda fixa insuficiente diante da inflação, ofertas de crédito com juros altos direcionados a aposentados, cobranças por serviços e associações sem transparência e perdas financeiras provocadas por golpes.
Além disso, o endividamento nessa faixa etária pode agravar quadros de ansiedade e depressão, já que a categoria já enfrenta uma maior vulnerabilidade social. Paralelamente à inadimplência, a Serasa também apontou um crescimento no número de golpes e tentativas de fraudes contra as pessoas mais velhas.
Uma pesquisa da instituição em parceria com a Silverguard e o Instituto Opinion Box mostra que 4 em cada 10 idosos já foram vítimas de golpes financeiros no Brasil. Destes, quase metade já sofreu, pelo menos, uma tentativa recente de fraude.
Segundo o estudo, entre os que já foram vítimas, 40% passaram por mais de um golpe e 80% registraram perdas financeiras em que, em mais da metade dos casos, foram acima de R$ 1.000.
Os danos, porém, vão além do prejuízo monetário. Os entrevistados relataram frustração (29%), raiva (25%), medo (19%), vergonha (11%) e impactos na saúde como ansiedade e insônia (16%).
Mesmo aqueles que não caíram em algum golpe ou não chegaram a perder dinheiro relatam mudança de hábitos: 57% deixaram de cadastrar cartão em sites pouco conhecidos e 49% evitam abrir links, mesmo enviados por familiares.
O aumento no número de golpes foi observado em períodos onde são realizadas campanhas para limpar o nome, como foi o caso do Feirão Limpa Nome da Serasa no mês de novembro.
Segundo a fundadora e CEO da Silverguard, Marcia Netto, a abordagem dos golpistas se assemelha com as propostas reais de negociação, se utilizando de vários canais como e-mail (45%), WhatsApp (21%), anúncios em sites e aplicativos (11%), redes sociais (9%), apps de busca (5%) e SMS (2%).
"Criminosos se aproveitam do período do Feirão para copiar a linguagem da Serasa e usar urgência como ferramenta de persuasão, induzindo o consumidor mais vulnerável ao erro. Eles sabem que muitos brasileiros estão buscando acordos e tentam mascarar sinais claros de fraude com ofertas irresistíveis e links enganosos", afirma Marcia.
O modo de atuação é quase sempre o mesmo. Os golpistas iniciam o contato oferecendo supostos "descontos exclusivos" válidos por tempo limitado e enviam links que direcionam o consumidor para páginas falsas ou números de atendimento que simulam equipes oficiais.
Nessas conversas, solicitam dados pessoais e enviam boletos adulterados ou chaves Pix falsas. Após o pagamento, o contato é encerrado e a dívida permanece ativa, já que nada foi negociado pelos canais oficiais.
Como fugir de golpes
A Serasa reforça que os únicos canais oficiais para negociação de dívidas são:
Site oficial - www.serasa.com.br;
WhatsApp oficial - (11) 99575-2096;
Aplicativos para Android e para iOS.
"Alguns sinais devem acender o alerta aos consumidores. Nós nunca solicitamos depósitos para contas de pessoas físicas e não cobramos taxas antecipadas para liberar descontos", reforça Patrícia Camillo, gerente da Serasa.
"Na dúvida, não clique em links suspeitos e não compartilhe seus dados sem checar os canais oficiais e selos de verificação nas redes sociais". Diante do cenário, a empresa passa a disponibilizar a Central Serasa no SOS Golpe, em parceria com a Silverguard.
A ferramenta permite que vítimas formalizem uma denúncia completa em poucos minutos, enquanto aciona imediatamente o banco recebedor para solicitar o bloqueio preventivo do valor.
Além disso, consumidores com mais de 60 anos entram automaticamente em uma fila prioritária, e as instituições financeiras recebem alertas específicos quando se trata de vítimas idosas.
O atendimento funciona para qualquer golpe financeiro, mesmo aqueles que não envolvem diretamente a Serasa.
"Não prometemos o dinheiro de volta, mas aumentamos as chances de recuperação com a velocidade e a qualificação do dossiê que enviamos gratuitamente para a instituição de destino. Ao mesmo tempo, com a Central SOS Golpe, garantimos uma jornada mais digna e empática para vítimas de golpes de engenharia social, que muitas vezes se sentem perdidas e envergonhadas", finaliza Márcia Netto.
Endividamento
Ao todo, o Brasil acumulou 80,4 milhões de endividados no mês de outubro, um crescimento de 1,62% em comparação ao mês de setembro, aponta a Serasa.
O valor médio de dívidas por pessoa foi de R$ 6.330,16, um aumento de 0,88%. O acumulado de dívidas também cresceu, chegando a 321 milhões que, somadas, totalizam por volta de R$ 509 bilhões.
Em outubro, a taxa de brasileiros inadimplentes foi a maior registrada desde 2023, vindo de uma crescente desde o início de 2025, crescendo 5,8 pontos percentuais desde o mês de janeiro, quando registrou 74,6% de inadimplentes no País.
Entre os estados, Mato Grosso do Sul ocupa o 5º lugar no ranking nacional, com 57,19% da população com dívidas. As maiores causas de endividamento em outubro foram os bancos e cartões de crédito (26,6%), contas básicas como água, luz e gás (21,6%), financeiras (19,9%) e serviços (11,7%).




