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Economia

Economistas descartam risco de crise por excesso de crédito

Jornal do Senado

11 de Novembro de 2011 - 08:22

Economistas ouvidos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) afastaram o risco de o Brasil enfrentar bolha financeira desencadeada pela multiplicação do crédito para o consumo, de forma parecida com o que aconteceu nos ­Estados Unidos. Alguns, porém, fizeram advertências em relação ao crédito imobiliário.

O grande problema é o crescimento rápido, que tem que ser olhado pelo Banco Central com medidas regulatórias e até, se for o caso, exigindo entradas mais elevadas para a compra de imóveis. Se o país crescer menos, podemos ter nessa área um pouco mais de inadimplência — afirmou o economista Carlos Thadeu Gomes.

O debate ­foi sugerido por Cristovam Buarque (PDT-DF), para quem "a economia está bem, mas o país vai mal". Ele manifestou preocupação com o avanço do endividamento da população — de 14,6% em 2003 para 22,2% em 2010, sem considerar o crédito imobiliário.

Segundo os economistas, os elevados juros do país, em geral criticados, funcionam como proteção contra bolhas de crédito. Isso porque os bancos não precisam forçar os níveis de alavancagem (emprestar acima de níveis seguros) para ampliar os lucros, como ocorreu nos EUA.

Aqui basta emprestar um pouco que [os bancos] já ganham uma fortuna — disse ­Gomes.

O economista José ­Márcio Camargo disse que o ­endividamento cresceu mais na população de baixa renda. Observou que a capacidade de pagamento depende do mercado de trabalho, sujeito a flutuações que podem levar ao aumento da inadimplência e, como resultado, tirar a sustentação do setor financeiro.

O diretor do Banco Central Carlos Hamilton Araújo garantiu que a instituição acompanha rigorosamente as operações do sistema bancário e tem condições de agir diante de riscos. Segundo ele, o BC tem informações de todas as operações de crédito acima de R$ 5 mil.

O economista Raul Velloso falou da dificuldade que o país encontra para investir, o que seria um problema para manter o crescimento do consumo privado sem o risco de inflação.