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Economia

Mineradora de Eike Batista arruinou finanças da MSGás

A vítima foi a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul, a MSGás, que amarga uma sequência de ao menos seis anos no vermelho por motivo pouco difundido

Correio do Estado

25 de Agosto de 2014 - 07:08

Bem antes de ruir o império de Eike Batista, tido até ano passado como o homem mais rico do Brasil, com fortuna estimada em US$ 30 bilhões, o ex-notável do mercado do dinheiro aprontou um estrago milionário aqui no Estado, não superado até hoje. 

A vítima foi a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul, a MSGás, que amarga uma sequência de ao menos seis anos no vermelho por motivo pouco difundido, conforme reportagem desta segunda-feira (25). É que a exploradora de gás canalizado sul-mato-grossense, em operação desde 2000, construiu, a pedido da MMX, um ramal de distribuição de gás natural no valor de R$ 30 milhões para transportar o insumo até a unidade da mineradora em Corumbá, então empreendimento de Eike e hoje arrendada para Vetria. Contudo, a empresa desprezou o gasoduto. 

Com a recusa, os dois sócios da MSGás, o governo do Estado, dono de 51% das ações do empreendimento e a Gaspetro, da Petrobras, que detém 49%, ainda não desfrutam lucros porque o ramal construído para Eike é pago ainda hoje. “No começo, a MSGás fazia apenas investimentos por meio de empréstimos. E um dos grandes investimentos foi para a térmica da MMX, que não se viabilizou. O investimento foi de R$ 30 milhões e a MMX não virou em nada”, disse Evandro Eurico Faustino Dias, diretor-presidente da companhia.

O gasoduto bancado pela MSGás para abastecer a MMX, concluído por volta de 2003 e que nunca foi usado mede em torno de 37 quilômetros e ainda hoje é protegido por meio de “manutenção corretiva e preventiva”, serviço custeado pela companhia. De acordo com o diretor-presidente da MSGás, como o canal de distribuição ficou sem uso por cinco anos, o mal-sucedido negócio virou prejuízo para a companhia, que herdou o chamado Patrimônio Líquido Negativo, conhecido no linguajar contábil como PLN.

E o que representa a sigla? “Isso significa que a cada lucro que a empresa tem ao invés de distribuído aos sócios [governo estadual e Petrobras], pela lei, deve abater o Patrimônio Liquido Negativo. O lucro será repartido aos sócios somente quando zerar o PLN”, explicou Evandro Dias. 

Efeito prático da desistência do gasoduto: ao menos de 2009 para cá, os sócios da companhia não viram a cor do dinheiro arrecadado com a MS-Gás porque eles pagam a conta gerada pelo investimento que seria destinado a MMX.