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ECONOMIA

Movimento na hidrovia do Rio Paraguai triplica neste ano

Crescimento explosivo da navegação, causado pelo aumento na extração de minério de ferro, a pressão política por novos trechos e a expansão portuária, recoloca a hidrovia Paraguai-Paraná no centro da logística nacional.

Correio do Estado

21 de Novembro de 2025 - 08:27

Movimento na hidrovia do Rio Paraguai triplica neste ano
A navegação comercial na hidrovia do Rio Paraguai começa a ficar inviável conforme a diminuição do calado que começou em setembro - Foto: Rodolfo César

O Rio Paraguai, em condição de navegação comercial favorável, teve 7,6 milhões de toneladas de mercadorias transportadas este ano. Os dados são referentes ao período de janeiro a setembro, quando a hidrovia registrou níveis favoráveis para o transporte comercial, acima do 1,5 metro em Ladário.

O quantitativo divulgado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) corresponde a um aumento de 173% em comparação com 2024, quando o rio sofreu problemas com o baixo nível.

A grande escalada de produção transportada está vinculada ainda ao minério de ferro que sai das minas de Corumbá e Ladário. Do total transportado, 7 milhões de toneladas foram desse mineral. Ainda houve contribuição no balanço da soja, terras e pedras, ferro e aço, além do carvão vegetal.

Outro fator que demonstra o minério de ferro como grande dependente da hidrovia envolve quais portos foram os mais movimentados. O Gregório Curvo, que é exclusivo da LHG Mining e fica na região de Porto Esperança, representou 4,2 milhões de toneladas movimentadas.

Também no município de Corumbá, o terminal Vetorial Logística ficou em segundo, com 1,8 milhão de toneladas. O porto em Ladário, da Granel Química, apareceu com 1,2 milhão de toneladas, sendo o carregamento majoritário de minério.

Toda essa carga que navegou pelo Rio Paraguai teve como destino o mercado internacional, principalmente o da China.

Esse modal, com os índices sinalizando para recordes de transporte em mercadoria, se houver condição de navegação, segue no radar do governo federal. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que ficou no exercício do Executivo no fim de outubro, enquanto Lula estava em viagem à Ásia, defendeu a navegação na hidrovia Paraguai-Paraná.

Ele visitou Cáceres (MT) em 24 de outubro e, em coletiva de imprensa, afirmou que há movimentos políticos para garantir a navegabilidade, inclusive voltando a cogitar ativação do Tramo Norte, no trecho entre Cáceres e Corumbá.

“Precisamos ter eficiência econômica, reduzir custos, melhorar a logística e integrar modais, integrar os vários tipos de modais. Então, a hidrovia do Paraguai é essencial”, declarou Alckmin, em coletiva no mês passado.

Ele sinalizou para a imprensa presente no evento de inauguração da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) que também trataria com o Ministério dos Portos o debate sobre os entraves da navegação no Tramo Norte. Estudos que apontam para risco ecológico nesse trecho são norteadores para não haver liberação.

Em uma intersecção sobre o tema hidrovia, o modal também está na pauta do Ministério do Planejamento e Orçamento, por meio do projeto Rotas de Integração Sul-Americana. Na rota 4, Bioceânica de Capricórnio, a hidrovia Paraguai-Paraná faz parte do planejamento para integrar Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, bem como encurtando trajetos para a Ásia.

“Essas rotas vão integrar o Brasil aos países da América do Sul. A Rota número 4 é uma rota que sai de São Paulo, passa por Mato Grosso do Sul, entra no Chaco Paraguaio, no norte da Argentina, cruza a Cordilheira e desemboca ali no Chile. A preocupação com a sustentabilidade e com a infraestrutura está muito evidente. O caráter multimodal, não estamos nos concentrando sobre transporte rodoviário, mas incorporando ferrovias, hidrovias”, detalhou o coordenador-geral de articulação institucional para a integração sul-americana do Ministério do Planejamento, Murilo Lubambo, em entrevista na COP30.

Já sobre o andamento da concessão da hidrovia, o procedimento para haver a licitação está em análise e envolve também avaliação do Tribunal de Contas da União. Apesar das expectativas do governo federal para que a licitação ocorresse neste ano, o encaminhamento deve ficar para 2026.

AMPLIAÇÃO DE PORTOS

Com o foco em incrementar o aumento de transporte de mercadorias e melhor aproveitar o potencial de negócios que a hidrovia Paraguai-Paraná fomenta, os diretores da Antaq deliberaram para que haja contrato de adesão entre o Ministério de Portos e Aeroportos e a empresa PTP Brasil, de Campo Grande, para instalar um terminal de uso privado (TUP) na margem esquerda do rio Paraguai, em Porto Murtinho.

A área do empreendimento é de 100.816,72 m² e o projeto foi analisado dentro da reunião ordinária de Diretoria Colegiada nº 598. Os diretores que assinaram a análise foram Frederico Dias (presidente), Flávia Takafashi (relatora), Lima Filho, Alber Vasconcelos e Caio Farias, com deliberação concedida no dia 6.

O próximo passo do empreendimento é encaminhar a liberação para análise do Ministério de Portos e Aeroportos, o que ainda está em trâmite. A empresa interessada na instalação do novo porto tem um capital social declarado de R$ 17 milhões e sua sede está localizada na Avenida Afonso Pena.

Em Porto Murtinho, a principal mercadoria transportada é a soja. Neste ano, entre janeiro e setembro, houve o transporte de 374 mil toneladas.