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Economia

Preço recorde faz consumidor trocar carne de primeira pela de segunda

Um dos motivos foi que os consumidores migraram para produtos de menor custo. Essa mudança é refletida nos preços

Assomasul

05 de Novembro de 2014 - 09:01

O preço recorde registrado pelas carnes no campo chegou ao bolso do consumidor. Oferta restrita e demandas interna e externa permitiram essa evolução no varejo. 

Enquanto o mercado externo mantém forte apetite por carnes, como mostraram os dados de exportação de outubro, o interno começa a dar sinais de enfraquecimento. Com a menor procura, as carnes, que foram um dos itens de pressão na inflação no mês passado, já sobem menos no mercado interno. 

André Chagas, coordenador de índices de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que coleta preços no município de São Paulo, diz que "a carne bovina foi uma boa surpresa em outubro". Subiu menos do que se previa. 

Um dos motivos foi que os consumidores migraram para produtos de menor custo. Essa mudança é refletida nos preços. Sobem os das carnes de segunda, mas recuam os das de primeira. A cozinheira Marinalva Lima, 53, ficou alguns minutos olhando a vitrine de um açougue na Bela Vista (região central de São Paulo) antes de decidir pelas salsichas. Ela, que costuma comprar bifes para os filhos, escolheu fazer cachorro-quente no jantar. 

 “O bife está um absurdo, não dá nem para comer. Compro frango e salsicha para variar o cardápio." 

RECUO 

Após ter atingido o recorde de R$ 140 por arroba no pasto, a carne bovina teve altas superiores a 7% em alguns cortes no varejo no mês passado. Mas os preços já começam a recuar. 

A pesquisa da Fipe leva em consideração os preços médios de 30 dias em relação aos 30 imediatamente anteriores. Esse cálculo aponta sempre uma evolução mais amena dos produtos. Já outro critério, chamado de ponta a ponta e que compara apenas os preços médios de uma semana em relação à mesma do mês anterior, indica a tendência que os preços estão tomando. O filé mignon, por exemplo, subiu 7,4% na média de outubro ante a de setembro. Comparadas às duas últimas semanas desses meses, a alta é de apenas 2,6%. 

Já as carnes menos nobres, como músculo, paleta e fígado, caem em ritmo menor. Em alguns casos há alta. O fígado, por exemplo, subiu 6,4% nas quatro semanas de outubro. O ponta a ponta indica alta de 9,6%. 

A alta desses cortes já foi percebida pelo pequeno empresário Natal Diberaldina, 52, dono de um açougue na região central de São Paulo. 

 “A carne de segunda subiu muito mais. O preço está aumentando bastante e as pessoas não conseguem acompanhar", diz. Ele estima que, se o filé mignon teve alta de 20% desde o começo do ano, os miolos de paleta e de acém (menos nobres) subiram ao menos o dobro.