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Após 9 meses em alta, nível do Rio Paraguai começa a baixar
Pico chegou a 3,31 metros, o que é 1,84 metro acima do nível máximo de 2024, ano marcado pela seca história.
Correio do Estado
17 de Julho de 2025 - 14:43

Depois de atingir o segundo maior nível na régua de Ladário dos últimos seis anos, com 3,31 metros, o Rio Paraguai deu sinais ao longo da última semana de que está entrando no chamado período de vazante, quando as águas começam a baixar.
O rio estava subindo ininterruptamente desde 17 de outubro do ano passado, quando a régua de Ladário marcou 69 centímetros abaixo de zero, o menor nível em 124 anos de medição. Desde então, subiu exatos quatro metros.
No último dia 11, conforme a medição feita pela Marinha, o rio chegou aos 3,30 metros e depois disso ficou estacionado, oscilando para 3,31 nesta quarta-feira (16) e voltando para 3,30 nesta quinta-feira (17).
E, como praticamente não ocorreram chuvas nas últimas semanas, a tendência é de que comece a baixar a partir de agora e siga assim pelos próximos três ou até quadro meses.
Embora o nível de 3,31 metros seja suficiente para garantir o escoamento de minérios por mais alguns meses, o nível deste ano ficou longe de ser classificado como ano de cheia.
Normalmente o rio só começa a transbordar e a inundar a planície pantaneira depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário, que serve como referência. Somente mais ao sul, na região de Porto Murtinho, por conta de chuvas localizadas na segunda quinzena de abril, é que ele transbordou. Na régua de Porto Murtinho chegou a atingir 5,72 centímetros, invadindo casas de dezenas de moradores do lado paraguaio.
A última vez que o principal rio do Pantanal ficou acima de 3,31 metros em Ladário foi em 2023, quando o pico da cheia alcançou os a 4,24 metros, no dia 18 de julho daquele ano. Em 2019, o máximo foi de 3,92 metros, na mesma época do ano, nos dias 17 e 18 de julho.
Porém, desde 2018, quando ocorreu a última cheia no Pantanal, o que caracteriza o rio é a falta de água. Em 2020, o máximo foi de 2,10 metros. No ano seguinte, o pico foi de apenas 1,88. Em 2022, mais uma fez o rio ficou longe de transbordar, alcançando apenas 2,64 metros. Mas o pior ano foi 2014, quando alcançou apenas 1,47 metro.
IMPORTÂNCIA DAS CHEIAS
Além de ser fundamental para o turismo, a abundância de água no Rio Paraguai tem relação direta com o transporte dos minérios de ferro e manganês extraídos das morrarias de Corumbá.
Em 2023, por exemplo, foram embarcadas em torno de 6,1 milhões de toneladas ao longo dos quase dez meses em que o rio ficou acima de um metro na régua de Ladário.
No ano passado, quando este nível ocorreu durante apenas três meses, o volume despencou para 3,1 milhões de toneladas. Agora em 2025 já foram 2,8 milhões de toneladas somente nos cinco primeiros meses, conforme dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
O transporte no período de estiagem precisa ser interrompido por conta, principalmente, de quatro grandes bancos de areia. Se eles fossem removidos, o escoamento de minérios poderia ser feito durante o ano inteiro.
E, no projeto que prevê a concessão da hidrovia para a iniciativa privada existe a previsão de que a empresa vencedora do leilão seja obrigada a fazer esta dragagem, que depende de autorização do Ibama. Conforme a Antaq, a leilão de “privatização” da hidrovia deve acontecer ainda neste ano.
Após a privatização dos 600 quilômetros entre Ladário e Porto Murtinho, as empresas de transporte terão de pagar pedágio de até R$ 1,27 por tonelada de produto escoado. Embarcações de turismo ficarão livres da cobrança.




