Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 5 de Dezembro de 2025

Geral

Ataque em gaza mata cinco jornalistas da al jazeera e reacende debate sobre liberdade de imprensa em zonas de conflito

Cinco jornalistas da rede Al Jazeera, incluindo o experiente repórter Anas al-Sharif, morreram neste domingo em um ataque israelense.

Página 1 News

11 de Agosto de 2025 - 14:59

Ataque em gaza mata cinco jornalistas da al jazeera e reacende debate sobre liberdade de imprensa em zonas de conflito
O correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif, está entre os cinco colegas mortos por Israel - Imagem - Al Jazeera

Cinco jornalistas da rede Al Jazeera, incluindo o experiente repórter Anas al-Sharif, morreram neste domingo em um ataque israelense nas proximidades do Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. A tragédia ocorreu quando a equipe, composta também pelo correspondente Mohammed Qreiqeh e pelos cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, se abrigava em uma tenda destinada à imprensa no portão principal do hospital.

Segundo a emissora, o ataque foi deliberado e direcionado, configurando o que chamou de “assassinato seletivo” contra profissionais que atuavam de forma documentada e identificada. As Forças de Defesa de Israel confirmaram que o alvo era Anas al-Sharif, acusando-o de exercer liderança em uma célula armada do Hamas, sem, contudo, apresentar provas conclusivas que sustentassem a alegação.

Organizações internacionais, como o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), reagiram com indignação. A CEO do CPJ, Jodie Ginsberg, declarou que a prática de rotular repórteres mortos como militantes, sem evidências claras, repete um padrão histórico de Israel no tratamento da imprensa. A ONU também se pronunciou por meio da relatora especial Irene Khan, classificando as acusações contra al-Sharif como infundadas e ressaltando que há “indícios crescentes de que jornalistas em Gaza são alvos sistemáticos”.

Testemunhas relataram que o ataque não ocorreu em área de combate direto. O editor-chefe da Al Jazeera, Mohamed Moawad, afirmou que a equipe estava em zona de cobertura jornalística, não em frente de batalha. Ele ainda acusou o governo israelense de tentar silenciar a imprensa local, lembrando que repórteres internacionais estão proibidos de entrar em Gaza desde o início da guerra, o que torna os correspondentes locais a única fonte de informações em campo.

O impacto foi imediato. Imagens verificadas pela BBC mostram os corpos das vítimas sendo retirados por colegas e moradores, enquanto gritos de desespero ecoavam. Minutos antes de ser morto, al-Sharif alertou nas redes sociais sobre bombardeios intensos na região, registrando os últimos momentos de atividade antes da tragédia.

O episódio reacende a discussão sobre a vulnerabilidade de jornalistas em zonas de conflito e o papel da imprensa na documentação de violações humanitárias. De acordo com o CPJ, 186 jornalistas foram mortos desde o início da ofensiva militar israelense em Gaza, em outubro de 2023. Para aqueles que permanecem no território, além do risco constante de ataques, a escassez de alimentos agrava a situação. Relatos de repórteres que chegam a passar dias sem comer revelam o cenário de colapso humanitário.

Israel justifica suas ações militares como resposta ao ataque coordenado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou em mais de 1,2 mil mortos e 251 sequestros. No entanto, o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que mais de 61 mil pessoas já perderam a vida desde o início da ofensiva, incluindo um número expressivo de civis e profissionais de imprensa.

A morte de al-Sharif e seus colegas aprofunda a crise de confiança entre o governo israelense e veículos internacionais, além de reforçar a urgência de mecanismos eficazes para proteger jornalistas em áreas de conflito armado. O caso, que gerou protestos de entidades de defesa da liberdade de expressão, pode se tornar um marco negativo no histórico recente da cobertura jornalística em zonas de guerra.