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Preço do café sobe e valor das terras bate recorde

O quadro indica que a valorização das áreas cafeeiras deve se manter, acompanhando os investidores.

Página 1 News

11 de Agosto de 2025 - 09:17

Preço do café sobe e valor das terras bate recorde

A valorização do café no mercado internacional, com um avanço superior a 80% nos últimos dois anos, está provocando um efeito direto e expressivo sobre o preço das terras destinadas ao cultivo do grão no Brasil. Dados recentes da S&P Global Commodity Insights mostram que, entre abril e junho deste ano, o valor médio do hectare em áreas cafeeiras do país subiu 3,21% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo R$ 58,52 mil. Na média dos últimos três anos, a alta acumulada chega a 32,7%, um patamar que reflete tanto o cenário externo quanto o movimento interno de produtores e investidores.

O estado da Bahia registrou o maior crescimento no último ano, com alta de 9,2% e preço médio de R$ 23,75 mil por hectare, revelando potencial de expansão para novas lavouras. Já Minas Gerais e São Paulo, líderes na produção de café arábica, continuam no topo do ranking de valorização. Em Minas, o preço do hectare chegou a R$ 72,11 mil, alta de 3,18% em um ano, enquanto em São Paulo o valor alcançou R$ 80,66 mil, com avanço de 2,33%.

A dinâmica de mercado tem estimulado diferentes movimentos. Agricultores como João Gerodo, de Santa Cruz da Prata (MG), afirmam perceber de forma nítida a valorização das terras. Ele negocia a venda de uma área de 12 hectares entre Guaxupé e São Pedro da União, recebendo propostas de produtores que aguardam a finalização da colheita para formalizar a compra. A topografia adequada, o clima favorável e a possibilidade de mecanização são fatores que ampliam a atratividade do negócio.

Segundo especialistas, como Gabriel Faleiros e Leydiane Brito, da S&P Global Commodity Insights, o café é uma cultura de alto valor agregado que exige condições muito específicas de produção, como altitude adequada, irrigação e manejo qualificado. A escassez de áreas já consolidadas e o custo elevado para a formação de novas plantações contribuem para sustentar os preços, mesmo em cenários de maior volatilidade internacional.

O mercado também reflete a estratégia de produtores diante do novo contexto. Alguns adiam a venda de propriedades, esperando ainda mais valorização, enquanto outros aproveitam para negociar parte das terras e capitalizar recursos. Em um caso no sul de Minas, um cafeicultor decidiu vender 10 hectares com mais de 40 mil pés de café na terceira safra comercial, buscando liquidez para quitar dívidas.

A estrutura da propriedade influencia diretamente o valor final. Proximidade de açudes e rios, documentação regularizada e lavouras em plena produção são diferenciais que elevam o preço do hectare. Além disso, a alta do café também tem refletido no custo de arrendamento. Em junho, o valor médio para arrendar um hectare chegou a R$ 9,45 mil, um salto de 92,9% em relação ao ano anterior.

Apesar da recente oscilação no preço do café devido a barreiras comerciais, especialistas como Gustavo Fonseca, da AGBI, reforçam que o mercado de terras tende a reagir de forma mais lenta e consistente. Como ativo de segurança e de longa duração, a terra mantém seu valor como patrimônio e fonte de renda, sustentada por um cenário de demanda global aquecida e oferta limitada.

O quadro indica que a valorização das áreas cafeeiras deve se manter, acompanhando o apetite de investidores, produtores e o avanço da importância do café brasileiro no comércio mundial. O resultado é um mercado rural mais competitivo, seletivo e de oportunidades crescentes para quem está disposto a investir no setor.