Mato Grosso do Sul
Agosto mal começou e MS já supera 60% os focos de incêndio do mesmo período de 2024
Estado registra 1.341 ocorrências de janeiro a julho de 2025, superando os 845 focos do mesmo período do ano anterior.
Correio do Estado
12 de Agosto de 2025 - 08:02

A temporada de incêndio chegou mais cedo no Estado em 2025, e já supera os números do ano passado. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de MS (CBMMS), foram registradas 1.341 ocorrências de incêndio em vegetação de janeiro a julho deste ano, número que já é 60% maior que os 845 focos registrados entre janeiro e agosto de 2024.
O mês de julho concentrou o maior número de ocorrências em 2025 até agora, com 437 focos em todo o Estado, sendo 188 só em Campo Grande e a tendência para agosto é de aumentar, agravada pela baixa umidade do ar e pela vegetação seca.
A tenente-coronel, Tatiane de Oliveira, do CBMMS, alerta que 99% dos incêndios não são causados por fenômenos naturais, mas pela ação humana. “O fogo ainda é usado culturalmente para limpeza de terrenos, mas isso gera riscos graves e até perda de vidas”, ressaltou.
Comparativo
Em 2024, Campo Grande registrou 845 ocorrências de janeiro a agosto, número menor que os 877 focos em 2023. O recuo reforçou a tendência de queda na Capital, que teve 1.233 ocorrências em 2022 e 1.412 em 2021.
No entanto, os números estaduais mostram que o problema não estava controlado. Em todo o Estado, foram registrados 3.525 focos de incêndio até agosto de 2024, número superior a 2023 (1.842) e 2022 (2.421), embora abaixo do pico de 2021, com 5.521 ocorrências.
Esses dados evidenciam que, apesar dos esforços e avanços pontuais, o risco permanece elevado e 2025 confirma isso com uma escalada ainda mais rápida.
Agosto Cinza
Diante da antecipação dos focos em 2025, a campanha Agosto Cinza, instituída pela Lei Estadual 5.431/2019, assume um papel ainda mais relevante.
Com foco em educação ambiental, mobilização comunitária e combate direto ao fogo, a campanha articula o poder público e a sociedade em ações de prevenção em zonas urbanas e rurais.
O mês será dedicado inteiramente à reflexão e à promoção de eventos voltados à prevenção e ao combate a incêndios. O nome "Agosto Cinza" foi escolhido de forma simbólica, ressaltando a cor característica da fumaça e das chamas que tanto marcam essas situações de emergência.
Operação Pantanal
A Operação Pantanal mobilizou o CBMMS por 155 dias consecutivos em 2024, envolvendo 141 bombeiros militares atuando em regiões estratégicas como Corumbá, Miranda, Bonito, Porto Murtinho, Anastácio e Campo Grande.
Desse efetivo, 92 bombeiros atuaram diretamente em campo, enquanto outros 49 integraram o Sistema de Comando de Incidentes (SCI), responsável pelo monitoramento, logística e coordenação das ações. A operação contou ainda com 4 aeronaves, entre elas, helicópteros Cougar, Pantera e um KC-390, além de caminhões de combate, embarcações e 23 caminhonetes, garantindo resposta rápida em áreas de difícil acesso.
Para esse ano, o Estado investiu na formação de 717 brigadistas florestais, com apoio do Programa PSA Brigadas, que prevê R$ 14 milhões até 2026 para estrutura e equipamentos.
A ciência também é parte estratégica. O PELD/UFMS (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) segue estudando, desde 2020, os impactos do fogo no Pantanal. Para o coordenador, professor Geraldo Damasceno, o uso do fogo precisa ser planejado e técnico, e não indiscriminado: “É possível manejar o fogo com segurança, em vez de combatê-lo apenas quando já virou desastre”, afirma.
População participativa
A população também pode agir: denunciar queimadas ao Corpo de Bombeiros pelo 193 e à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (Decat) pelo (67) 3325-2567 é fundamental para conter a destruição. Pequenas atitudes, como não atear fogo em terrenos e apagar bitucas de cigarro, ajudam a proteger biomas e vidas.
Agosto Cinza não é apenas um mês no calendário — é um lembrete de que prevenir é sempre menos doloroso (e mais barato) do que reconstruir.




