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Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 5 de Dezembro de 2025

Mato Grosso do Sul

MS tem o menor número de focos de incêndio em 11 anos

Dados do Inpe mostram que, de janeiro a julho deste ano, foram notificados 848 focos no Estado, o menor acumulado desde 2014, quando foram 799.

Correio do Estado

01 de Agosto de 2025 - 09:53

MS tem o menor número de focos de incêndio em 11 anos
Terreno no Noroeste pegou fogo na noite de quarta-feira, um dos poucos incêndios deste ano - Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

De janeiro até o fim de julho deste ano, Mato Grosso do Sul teve 848 focos de incêndio identificados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este é o menor número para o período dos últimos 11 anos, segundo a série histórica do instituto.

Conforme os dados do Inpe, a última vez que Mato Grosso do Sul teve menos de 900 focos de incêndio nos primeiros sete meses do ano foi em 2014, quando foram registrados 799.

Em relação ao ano passado, o período com o maior número de focos de incêndio registrados em Mato Grosso do Sul em toda a série histórica, que começa em 1998, a queda foi de 539%, já que em 2024 foram 5.419 focos de janeiro a julho.

De acordo com o coronel Adriano Rampazo, do Corpo de Bombeiros, um dos motivos para que o Estado esteja enfrentando uma “calmaria” nos registros de incêndios se deve ao volume de chuva deste ano, que superou o do ano passado.

“Até fevereiro estava sinalizando uma temporada bastante difícil, bem parecida com a do ano passado, mas mudou com abril sendo o mês mais chuvoso, fora da média. Isso alterou as previsões, e todas as frentes frias que estão vindo estão trazendo chuva, então, isso ocasionou que não estamos tendo grandes ocorrências ainda, mas devemos ter, naturalmente, porque já temos cidades com mais de 50 dias sem chuvas e já sabemos de várias regiões que estão bastantes secas. Mas devemos ter um ano mais tranquilo”, declarou o coronel, que está à frente das operações de combate aos incêndios no Estado.

Rampazo ainda lembrou que outro fator que tem contribuído para essa boa notícia é o fato de que não estamos sob o efeito do fenômeno climático El Niño, que foi o grande responsável pela número de queimadas em 2024.

“Uma das previsões é de que ainda não vai ter a influência do El Niño, que traz as ondas de calor, que influencia muito os incêndios, muda muito o cenário quando ele está ativo. Mas não é que não vamos ter ocorrências, teremos, sim. Temos aí uma linha de fogo vinda da Bolívia em direção à Serra do Amolar. Essas coisas vão acontecer, mas a gente acredita que, perto do ano passado, perto do que os estudos estão dizendo, não vai ser nesse nível”, salientou Rampazo ao Correio do Estado.

PANTANAL

A linha de fogo comentada pelo coronel do Corpo de Bombeiros foi detectada pelo sistema de monitoramento por inteligência artificial Pantera, na noite de terça-feira. A linha tem cerca de 5 quilômetros de extensão na região da Serra do Amolar, próximo à Lagoa Mandioré, no Pantanal, em território boliviano. Porém, a área está a aproximadamente 15 km da fronteira com o Brasil e próxima da região de San Matías.

A identificação ocorreu por meio de uma das antenas da central instalada na sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), em Corumbá. A ocorrência não havia sido detectada por imagens de satélite até o começo da tarde de quarta-feira, mas o sistema apontou redução nas chamas ao longo do dia, possivelmente em razão da presença de uma área alagada entre o foco e o campo seco.

Na ocasião, os ventos chegaram a 25 km/h, com direção leste-oeste, o que pode ter dificultado o avanço do fogo em direção ao território brasileiro.

Apesar de não haver registro de incêndio no Brasil, o caso acendeu o sinal de alerta para ações preventivas. O IHP acionou imediatamente as organizações bolivianas Naturaleza, Tierra y Vida (Nativa) e Centro de Estudios Rurales y de Agricultura Internacional (Cerai), além de informar o Prevfogo/Ibama.

Segundo o diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo, a situação reforça a necessidade de uma atuação conjunta entre os dois países.

“O fogo não tem nacionalidade. É essencial fortalecer as cooperações transfronteiriças para evitar tragédias e preservar tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais”, destacou Rabelo.

O diretor-presidente do IHP também ressaltou que a redução de incêndios florestais deste ano tem relação com a chuva ocorrida no primeiro semestre, mas salientou que a partir de agora é necessário muita atenção

“Choveu mais neste ano, o nível do Rio Paraguai subiu a mais de 3 metros e passou a alagar muitas áreas, antes secas nesse período do ano. Essa contribuição da natureza também tem sido fundamental. A partir de agosto, um período crítico se aproxima. É o momento de fortalecer as ações de campo e o monitoramento”, declarou ao Correio do Estado.

No Pantanal, conforme dados do Inpe – que contabiliza tanto números de Mato Grosso do Sul como de Mato Grosso –, até julho deste ano, foram registrados apenas 125 focos de incêndio, valor muito inferior ao de 2024, quando somente no mês de julho haviam sido 1.218 focos registrados.