Mato Grosso do Sul
Mulheres chefes de família já somam 46,61% da população de Mato Grosso do Sul
Paralelamente a este cenário, os novos arranjos ganham cada vez mais espaço.
Midiamax
13 de Dezembro de 2025 - 10:16

O retrato atualizado do Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que, embora a maioria das famílias seja chefiada por homens, cresce de forma contínua a presença de mulheres no comando dos domicílios.
Paralelamente a este cenário, novos arranjos ganham cada vez mais espaço. O panorama traçado por levantamentos recentes do instituto mostra transformações impulsionadas por mudanças culturais, pelo acesso das mulheres à educação e ao mercado de trabalho, pela queda na taxa de fecundidade e pelo crescimento das unidades unipessoais.
Os dados dialogam com políticas públicas adotadas pelo Governo Estadual, que têm buscado atender diferentes configurações familiares, desde mães solo que precisam de apoio para trabalhar ou estudar, famílias em vulnerabilidade social, até mulheres vítimas de violência doméstica que buscam ajuda para um recomeço.
Perfil das famílias de MS
Conforme o Censo 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em Mato Grosso do Sul, a maioria das famílias (53,39%) é chefiada por homens. No entanto, os dados revelam que houve um crescimento bastante expressivo de mulheres chefes de família, saltando de 35,38%, em 2010, para 46,61%, em 2022.
Segundo o IBGE, o aumento de mulheres chefes de família pode ser atribuído a uma mudança e consolidação de valores culturais do papel da mulher na sociedade brasileira, atrelado ao ingresso expressivo do gênero feminino no mercado de trabalho.
O aumento da escolaridade de nível superior, combinado com a redução da fecundidade, também impacta nas taxas. “São fatores que podem explicar esse reconhecimento da mulher como responsável pela família”, segundo o instituto.
Ainda conforme o censo, entre pais e mães que criam os filhos separados, mães solo seguem sendo maioria (97.461). Já a quantidade de pais solo chega a 15.642.
Renda per capita e escolaridade
A renda per capita é o resultado da soma dos valores da renda do domicílio dividida pelo número de moradores. Dessa forma, a maioria das famílias, (30%) encontra-se na faixa de renda de meio a um salário mínimo. Já famílias com renda de 1 a 2 salários mínimos representam 29,2%.
O estudo também aponta que o nível de escolaridade de homens e mulheres que criam os filhos de forma unilateral (separados) cresceu. Em 2022, as mães solo com ensino superior eram 17,6%, e os pais solo com nível superior constituíam 13,4%.
Mato Grosso do Sul também é o estado com o 3º menor percentual de famílias com renda per capita inferior à linha da pobreza, atingindo o patamar de 1,79%. O Estado fica atrás apenas de Santa Catarina (1,65%) e do Rio Grande do Sul (1,74%). A renda per capita inferior à linha de pobreza corresponde a R$ 218. Os dados são do levantamento do Ranking de Competitividade do CLP (Centro de Liderança Pública).
Mulheres escolhem adiar a maternidade
Dados da taxa de natalidade do IBGE, do Censo de 2022, mostram que as mulheres estão cada vez mais tomando a decisão de adiar a maternidade. Em 2010, a idade média de fecundidade para mulheres sem instrução ou fundamental incompleto era de 24 anos, enquanto as que possuíam nível superior deixavam para ter filhos aos 30 anos.
Passados 12 anos, a média de idade para ser mãe, apontada pelas entrevistadas, passou para 26, no caso de mulheres sem instrução, e 31, para mulheres com nível superior.
A quantidade de filhos desejados pelas mulheres também diminuiu, conforme o Censo. Em 2010, a média era de três filhos. Em 2022, o número caiu para dois. A quantidade de mulheres que optaram por não ter filhos também cresceu, saltando de 7,6%, entre 50 e 59 anos, para 12,9%, nessa mesma faixa etária.
Cresce número de pessoas que moram sozinhas
Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referente ao ano de 2024, 18,9% dos campo-grandenses moram sozinhos. Isso significa que Campo Grande tem, aproximadamente, uma em cada cinco pessoas morando sozinha na cidade.
A amostra aponta 65 mil pessoas em unidades domésticas unipessoais, sendo a maioria composta por homens (35 mil), enquanto 30 mil mulheres são moradoras únicas. Já em Mato Grosso do Sul, existem 187 mil moradores solos, dos quais 57,2% são homens (107 mil) e 42,8% são mulheres (80 mil).
As famílias também estão diminuindo. No Estado, cerca de 28,3% dos domicílios possuem apenas duas pessoas morando, enquanto 22,5% representam moradias com três pessoas. Aproximadamente 35% dos lares sul-mato-grossenses são compostos por quatro pessoas ou mais.
Políticas públicas
O Governo do Estado regulamentou, em fevereiro de 2025, o programa Mais Social, que atende famílias em situação de vulnerabilidade, insegurança alimentar e risco social. Por meio do Cartão Mais Social, as famílias recebem benefício pecuniário, e há previsão de cesta de alimentos ou apoio financeiro conforme critério de renda. O benefício é de caráter temporário e depende da atualização cadastral e da vinculação da família ao sistema de assistência.
Também há políticas para as mães solo que precisam de rede de apoio para conseguir trabalhar. O ‘Programa de Apoio à Mulher Trabalhadora – Criança na Creche‘ abrange filhos dos 0 aos 3 anos, 11 meses e 29 dias. A iniciativa oferece apoio de R$ 600 por criança. As beneficiárias podem receber, ainda, um adicional de R$ 300 por mês caso decidam voltar a estudar.
O Governo do Estado também instituiu o Programa Recomeços, que concede apoio financeiro às vítimas de violência doméstica que estejam deixando a Casa Abrigo para Mulheres, gerida pela Sead. O Recomeços é um apoio para que essas mulheres possam refazer suas vidas.
A inscrição no programa é feita na Casa Abrigo, sendo que as próprias funcionárias do local fazem as orientações e os encaminhamentos necessários. O programa também prevê a concessão de benefício para crianças, adolescentes ou dependentes menores de 18 anos de mulheres vítimas de feminicídio, que estejam em situação de vulnerabilidade econômica.




