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Meio Ambiente

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe

G1

29 de Outubro de 2020 - 07:33

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe
Veterinário mostra as patas queimadas de uma onça-pintada, com queimaduras de terceiro grau por causa do fogo no Pantanal, no dia 27 de setembro. A onça é uma de duas que foram resgatadas do bioma e receberam tratamento em Corumbá de Goiás (GO). — Foto: Eraldo Peres/AP

O Pantanal já tem o pior mês de outubro em focos de incêndio da história: desde o dia 1° até a quarta-feira (28), dados mais recentes disponíveis, foram registrados 2.825 pontos de fogo no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O recorde até então para o mês era de 2002, quando haviam sido registrados 2.761 focos. O monitoramento do Inpe começou em 1998.

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe

Os focos de outubro também já haviam ultrapassado, 15 dias antes do fim do mês, o total visto no mesmo período do ano passado (veja gráfico).

As altas de outubro vêm depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios mensais na história – para qualquer mês – em setembro. Antes disso, nos primeiros 17 dias de setembro, os recordes para aquele mês também já haviam sido ultrapassados.

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe

O bioma também registrou o pior julho e o segundo pior agosto da história. Este ano já era o pior em pontos de fogo no bioma – que, até 2018, era o mais preservado do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Antes, o acumulado mais alto havia sido registrado em 2005, com 12.536 focos em todo o ano (veja gráfico acima). A alta neste ano já é de 68%.

Chuva não indica fim da seca

O Pantanal enfrenta a sua pior seca em 47 anos – o que contribui para o alastramento do fogo. O bioma pantaneiro é a maior planície alagada do mundo, mas, quando não chove, a planície não alaga, o que permite que o fogo se espalhe.

Apesar da chuva vista recentemente no bioma – que fez os números de focos de incêndio caírem bastante em alguns dias deste mês – especialistas alertam que ele deve demorar a se recuperar.

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe

"Não vai ser uma chuva que vai transformar a condição de seca. Os impactos causados por essa longa estiagem vão atuar ainda algum tempo na região", afirma o pesquisador Marcelo Parente Henriques, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública brasileira.

O solo – que oscila entre vegetação e sedimento, segundo Henriques – vira uma biomassa que fica como uma turfa apodrecida, "um excelente material para queima", diz o especialista.

Com atribuições do Serviço Geológico do Brasil, a CPRM monitora, entre outros dados, os níveis dos rios brasileiros.