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Policial

Agosto: Facções aterrorizam moradores e impõem toque de recolher

As rondas policiais tem pouca eficácia. Diante da aproximação da viatura os jovens se dispersam

Redação

27 de Dezembro de 2011 - 17:18

Agosto: Facções aterrorizam moradores e impõem toque de recolher
Agosto: Fac - Foto: Marcos Tom

Em agosto de 2011, moradores procuraram a redação do jornal eletrônico regiaonews para denunciar a falta de policiamento preventivo nos dos bairros que ficam nos extremos topográficos de Sidrolândia, Cascatinha e Jardim Sul, na parte alta e São Bento, na região mais baixa. Eles alegaram que estavam atemorizados pela presença desafiadora de facções  de menores e adolescentes infratores, a conexão C-2, J.S (Cascatinha 2, Jardim Sul) e a FSB (Família São Bento).

No intervalo entre um enfrentamento e outro com seus rivais, eles se juntam em grupos à plena luz do dia para beber, se drogar, praticar pequenos furtos e intimidar quem ousa desafiá-los chamando a polícia.  “Na prática eles nos impuseram um toque de recolher. À noite, o melhor a fazer é se trancar dentro da casa”, informa uma dona de casa, residente na Rua Diogo Cunha, no Cascatinha.

Rose (como foi identificada por razões de segurança) não se intimida e rompeu o pacto de silêncio (não declarado) que seus vizinhos mantem. Diante de qualquer movimentação estranha, liga para a Polícia Militar, que depois de uma meia dúzia de chamadas suas, acaba se deslocando para fazer rondas no bairro. “Eu acabo vencendo pelo cansaço”, informa a moradora, que é mãe de três filhos, o mais velho deles com 15 anos. 

A dona de casa conhece praticamente desde que nasceram alguns dos principais líderes da Conexão Cascatinha 2 (Lacraia, Emerson, Gabriel, Tiaguinho). Ela não se conforma com a passividade dos vizinhos que preferem ignorar os abusos dos jovens, mesmo quando eles passam dos limites.

“Recentemente uma bala perdida atingiu a geladeira de uma senhora que mora nas proximidades do cemitério. Com medo, ela nem foi à delegacia registrar ocorrência. Muitas vezes o pessoal das gangues sai atirando de madrugada. Numa dessas ocasiões acabarão acertando alguém”, alerta. 

Por conta desta atitude corajosa a dona de casa vem sofrendo retaliações. Sua casa já foi apedrejada por integrantes das facções. Um dos seus filhos, o mais velho de 15 anos, é constantemente alvo de piadinhas. “Se eles cismam com uma pessoa que está passando, tentam intimidar, quando não tomam a bicicleta, o celular ou qualquer objeto de valor”, conta. Pichar muros, inclusive do centro de educação infantil, dos estabelecimentos comerciais, é outra atividade que se dedicam.

As rondas policiais tem pouca eficácia. Diante da aproximação da viatura os jovens se dispersam. Quando a PM sai do bairro ele voltam às esquinas, que são os postos de observação para suas investidas, que incluem a pratica de pequenos furtos. Tem gente que já perdeu as contas do número de vezes que seu botijão foi levado pela gurizada. À noite o ponto de concentração é o estacionamento do Mercado São José, de onde saem em grupo, percorrendo bares, lanchonetes ou qualquer ponto de aglomeração.

Este mesmo cenário de intimação é sentido por quem mora no São Bento, território da F.S.B (Família São Bento). O “quartel general” para o grupo se reunir, é a praça em frente do ginásio de esportes, Olegário da Costa Machado. Só nos últimos 12 meses foram registrados três homicídios no seu entorno.

Foto: Emmileny Monteiro/Região News

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