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Policial

Hugleice pode ser preso se não apresentar à Justiça seu novo endereço

O advogado de Hugleice, José Roberto da Silva tentou convencer a juíza Sílvia Eliane Tedardi da Silva a dispensá-lo da exigência

Flavio Paes/Região News

25 de Novembro de 2011 - 08:42

Se em 24 horas Hugleice da Silva não informar à Justiça o seu atual endereço, a Justiça pode revogar o habeas corpus que o livrou da cadeia no último dia 19 de setembro. Hugleice não compareceu ontem à tarde ao fórum de Sidrolândia para participar da audiência em que seriam ouvidas quatro testemunhas de acusação do Caso Marielly, uma das condições que a Justiça impôs para responder ao processo em liberdade. Marielly, uma jovem de 19 anos,  morreu num aborto malsucedido que teria sido realizado em Sidrolândia pelo enfermeiro Jodimar Ximenes, que continua preso.

O advogado de Hugleice, cunhado de Marielly que a teria trazido até a cidade para fazer o aborto, disse à juíza que ele não compareceu por estar em lugar incerto e não sabido. José Roberto da Silva tentou convencer a juíza Sílvia Eliane Tedardi da Silva a dispensá-lo da exigência.

Segundo David Moura de Olindo, que defende Jodimar, durante o depoimento das duas testemunhas ouvidas ontem (Ana Paula e William Ximenes, ambos primos do enfermeiro) ficou clara a estratégia do advogado de Hugleice de arrancar declarações que ajudem a inocentar Hugleice. 

Questionadas por José Roberto, as testemunhas garantiram que só conheceram o cunhado de Marielly pela televisão (por conta do noticiário sobre o desaparecimento e localização do seu corpo). “Ele quer sustentar que Hugleice é inocente e só confessou participação na morte da cunhada  porque estava preso e foi pressionado pela Polícia”, explica David.

As duas testemunhas que foram ouvidos nesta quinta-feira foram determinantes para que Jodimar não fosse colocado em liberdade. Ana e William disseram à Polícia que o primo enfermeiro as teria ameaçado.

O enfermeiro Jodimar Ximenes permaneceu algemado durante toda audiência já que o Fórum de Sidrolândia não possui policiamento. A justiça também solicitou que as testemunhas, que estão na Comarca de Nioaque, sejam ouvidas por carta precatória.

Caso Marielly - O fato ganhou repercussão em todo Mato Grosso do Sul. Marielly morreu durante um aborto malsucedido, que, segundo relatos de Hugleice e provas da investigação, foi feito por Jodimar, na casa dele, em Sidrolândia. A morte aconteceu no dia 21 de maio, data em que ela foi vista pela última vez pela mãe, a qual mobilizou parentes, amigos, vizinhos, políticos e a opinião pública para encontrar a filha.

O corpo da universitária foi encontrado em 11 de junho em um matagal de Sidrolândia, em estado de decomposição. Em julho foi decretada a prisão de Hugleice, que até então negava qualquer envolvimento com o caso, e de Jodimar, que continua a alegar inocência.

Após dois dias na prisão, Hugleice, que é casado com a irmã de Marielly, confessou que teve relação sexual com a cunhada, que a levou para fazer aborto na casa de Jodimar, para quem pagou R$ 500. Hugleice relatou ainda que enquanto esperava a jovem, o enfermeiro o contou sobre a morte e então os dois colocaram o corpo na caminhonete dele e o jogaram no matagal.

A Justiça concedeu liberdade a Hugleice em setembro e Jodimar continua preso.

De acordo com despacho da magistrada, ambos os réus já apresentaram defesa preliminar e discordaram das acusações relatadas na denúncia do MPE (Ministério Público Estadual).