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Policial

"Só podia sair para trabalhar", diz sobrinho de diarista morta com 22 facadas

Mulher foi assassinada na noite de ontem.

Campo Grande News

14 de Maio de 2022 - 10:27

"Só podia sair para trabalhar", diz sobrinho de diarista morta com 22 facadas
Elenice Martins e Delzimar em foto postada no Facebook. Foto: Redes sociais

A diarista Elenice Pinto Martins, de 48 anos, assassinada com 22 facadas pelo esposo Delzimar Alves do Nascimento, de 49 anos, vivia em uma prisão sem grades, de acordo com a família. "Ela não podia sair sozinha, somente para trabalhar como diarista ou com ele", afirmou o sobrinho da vítima, o montador de vidros, Paulo André Mendes, de 30 anos.

O rapaz mora em frente à casa da tia, na Vila Neusa, que fica na saída para Rochedinho, em Campo Grande, onde ocorreu o crime na noite desta sexta-feira (13). O sobrinho foi o primeiro a entrar no imóvel ao ser chamado pelo filho de Delzimar. A criança de 11 anos presenciou o crime. "Quando entrei, vi ele deitado na cama com pescoço cortado e uma faca ao lado. Eu tirei a faca dele, joguei fora e sai procurando a tia", lembra.

No desespero, Paulo não viu o corpo de Elenice ao lado da cama. "Achei que ela tinha fugido, ai falei pro meu irmão 'acho que a tia fugiu'. Quando meu irmão entrou, viu que o corpo estava do outro lado da cama. Quando entrei de novo, ele [Delzimar] se jogou em cima dela, como se tivesse tentando esconder. Tinha muito sangue", descreve.

Delzimar tinha ciúme possessivo - O casal estava junto há aproximadamente dois anos, segundo a família. O sobrinho conta que a tia tinha todos os passos controlados por Delzimar. Até na casa da família, que mora na frente, a mulher não podia ir. "Nos almoços de família ela não podia ir. Uma vez ele sofreu acidente na perna e teve que amputar o dedo. No dia que marcou cirurgia, ele fugiu do hospital de tanto ciúme para ir atrás dela", conta.

A Polícia Civil revelou que não há registro de ocorrência de violência doméstica envolvendo o casal. No entanto, a cunhada da vítima, Andrelina Toledo, de 55 anos, revela que o casal bebia todos os dias e brigava muito. "Uma vez ela me mandou mensagem falando 'se você escutar alguma coisa corre aqui porque ele está com machado e pode me matar'. Liguei na hora e ela falou que ele já tinha dormido. Ele só não matou ela aquele dia com machado, porque estava muito bêbado e dormiu", lamenta a cunhada.

Andrelina acredita que Delzimar cortou o próprio pescoço para fazer "teatro". "Matou ela covardemente, acho que foi ruindade e também pode ter sido ciúme, ele tinha muito ciúme dela. Isso dele se cortar depois para dizer que tentou se matar foi teatrinho", afirma. "Eu não sei porque ela não largava, não sei se era ameaçada, ela reclamava muito dele. Mas depois passava a bebedeira ficava tudo bem".

O irmão da vítima e demais familiares estão arrasados. "A gente jamais imagina que vai acontecer na nossa família", lamenta. Segundo Andrelina, a mãe do menino de 11 anos já faleceu e agora ele está aos cuidados da irmã mais velha.

Como ocorreu o crime - Conforme as informações da polícia, o caso ocorreu por volta das 22 horas desta sexta-feira (13), na residência onde o casal morava, na Rua José Matte, Vila Neusa. Pouco antes do crime, Elenice e Delzimar estavam em um bar, onde teriam ingerido bebidas alcoólicas.

Depois, os dois seguiram para a casa, onde houve discussão presenciada pelo filho de Delzimar, a criança de 11 anos. Vizinhos escutaram gritos de socorro, momento em que a criança foi até a casa da tia pedindo socorro, afirmando que o pai teria matado Elenice e tentou se matar em seguida.

A Polícia Militar foi acionada, assim como o Corpo de Bombeiros, mas não houve tempo e a mulher morreu no local. A delegada Barbara Camargo Alves afirmou que a vítima foi golpeada 22 vezes. "Em todo o corpo, a maioria no braço, indicando que ela tentou se defender", explicou.

Já Delzimar se lesionou no pescoço com a faca após matar a companheira. Ele foi levado sob escolta policial e com ferimento grave para a Santa Casa. Delzimar foi atendido e depois, levado para a delegacia. Ele afirmou que não se recorda de detalhes e não soube explicar a motivação do crime.