Política
Conexões com empresariado podem ter desmotivado vereadores a votar aumento de IPTU e taxa do lixo
Por uma questão de fidelidade, nenhum vereador da base aliada se manifestou claramente contra os projetos, mas também não fizeram muita questão de se empenhar pela aprovação.
Flávio Paes/Região News
26 de Dezembro de 2014 - 09:05
O aparente desinteresse da base aliada na Câmara Municipal de colocar em votação e aprovar na sessão extraordinária programada para a última quarta-feira os projetos do Executivo que reajustavam o IPTU e a taxa do lixo não é fruto do acaso e nem apenas do pouco empenho demonstrado pelo Governo para articular com a oposição uma solução para o impasse que se arrasta há praticamente um mês, quando as propostas chegaram ao Legislativo.
Há uma interpretação corrente nos meios políticos é de que alguns vereadores governistas são contra aumentos de até 582% na tributação dos imóveis por conta das conexões que mantém com seus financiadores de campanha, entre eles empresários que são autênticos latifundiários urbanos, proprietários de terrenos mais valorizados da cidade.
Por uma questão de fidelidade ao Governo, nenhum vereador da base aliada se manifestou claramente contra os projetos, mas também não fizeram muita questão de se empenhar pela aprovação. Por razões desconhecidas o presidente da Câmara, vereador Ilson Peres (PSDB) não quis instalar a sessão extraordinária nesta quarta-feira, embora aparentemente houvesse possibilidade de aprovação dos projetos por 5 votos a 4.
Já o vereador Cledinaldo Cotócio, 1º secretário da Câmara é muito próximo do empresário Dalto Pavei, proprietário de pelo menos 100 imóveis na cidade, além de praticamente deter o monopólio da locação de imóveis situados na parte alta da cidade, regiões da cidade onde IPTU teriam aumentos variáveis entre 287% e os mencionados 582% de aumentos.
Independente dos interesses em jogo o fato é que com a obstrução da votação dos projetos, Sidrolândia continuará sendo o município sul-mato-grossense do seu porte populacional (50 mil habitantes) com menor receita com IPTU. É um absurdo que um terreno avaliado em R$ 400 mil, continue pagando imposto sobre um valor venal de R$ 20 mil. Isto só estimula a especulação imobiliária, avalia a vereadora Rosangela Rodrigues dos Santos, que embora na oposição, defende a correção da base de cálculo do imposto territorial, incidente sobre os terrenos.
Ela critica a forma como Governo conduziu a tramitação dos projetos. A responsabilidade pela articulação é da administração municipal, nunca da oposição, observa. Pela planta genérica atual, um terreno de 500 metros quadrados na principal avenida da cidade, Avenida Dorvalino dos Santos, está avaliado para efeito de cobrança do IPTU em R$ 16.400,00. Por este preço, não se compra nenhum lote de 200 metros quadrados no bairro mais afastado da cidade e sem nenhuma estrutura.




