Em whatsapp a David, Marcão critica aprovação do IPTU, ameaça renunciar a vice e expõe racha no SDD

Antes mesmo de tomar posse como vice-presidente da Câmara Municipal, no próximo dia 1º de janeiro, o vereador Marcos Roberto, inconformado com o acordo que garantiu o reajuste do IPTU, enviou mensagem por whatsapp ao futuro presidente, David Olindo (SDD), um dos articuladores do entendimento entre oposição e Governo, manifestando intenção de renunciar ao cargo, expondo novamente o racha na bancada do Solidariedade, que tem no vereador Mauricio Anache, outra voz dissonante no partido contra qualquer forma de entendimento contra a administração municipal.

Anache e Marcão não foram à sessão extraordinária quando as propostas de aumento do imposto e mudanças no código tributário municipal foram aprovadas por 7 votos a 1. Como não conseguiu falar com David, quem segundo ele, não teria atendido suas inúmeras ligações telefônicas no sábado, Marcos Roberto enviou uma mensagem de texto, em tom de desabafo, para marcar sua posição. 

Na comunicação ele demonstra aparente desencanto com a postura de entendimento com o Executivo, assumida pelo futuro presidente do Legislativo, e sinaliza que vai romper politicamente com ele. “Que decepção – Vergonha. Nosso grupo será a continuidade da administração do Peres na Câmara. Continuaremos sendo despachantes do Executivo. Estou desapontado com o senhor dr. David. Vou renunciar ao meu mandato de vice-presidente da Mesa. Repudio a ação de vocês hoje. Q. M Dr. O senhor não precisava disso. Sidrolândia tinha no senhor uma esperança  de dar um basta no desmando deste governo. Estamos frustrados”, destaca Marcão na mensagem encaminhada ao futuro presidente da Câmara, que nos últimos dois anos, exerceu forte influência sobre a atuação política do vereador.

Na votação de sábado, o governo contou com os votos decisivos de quatro vereadores da oposição para garantir a aprovação do projeto de reajuste do IPTU. Além David, negociaram a redução de 40% no aumento proposto pela Prefeitura e também foram favoráveis a proposta, Jurandir Cândido, que é presidente da Executivo Municipal do Solidariedade, o petista Edivaldo do Santos e Rosangela Rodrigues, representante do PMDB.

Não é a primeira vez que Marcão assume posições políticas extremadas e contraditórias. Ele que foi eleito na coligação governista, do PSDB, trocou de partido e migrou para uma oposição radical exercida durante boa parte do ano. Em setembro se declarou independente, mostrou-se disposto a ajudar o Governo e passou a criticar os “colegas drs”, numa alusão a David, que o teria induzido a aprovar CPIS e comissões para investigar o governo “que acabaram não dando em nada”. 

Marcão justificou este aparente realinhamento como a administração municipal, como forma de garantir melhorias para sua base eleitoral no Assentamento Eldorado. Coincidência ou não a partir daí a Prefeitura iniciou a recuperação de travessões e estradas, além da reforma de uma  escola, serviços que o vereador vinha cobrando há muito.

Só em novembro recuou da sua disposição de disputar a presidência da Câmara, ainda que só para ter o próprio voto. No processo eleitoral deste ano também se desentendeu com os colegas de bancada que não o acompanharam na decisão de apoiar à candidatura a reeleição do deputado Geraldo Resende, como retribuição a emenda parlamentar que assegurou R$ 1,2 milhão para obras no hospital.

No dia seguinte da eleição da Mesa Diretora, que lhe garantiu a vice-presidência, acompanhou os colegas de bancada David Olindo e Jurandir Cândido, numa reunião com o prefeito Ari Basso (PSDB), quando o Solidariedade propôs ficar na base do Governo, exigindo o comando das Secretarias de Saúde e Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente. O acordo, inicialmente, não prosperou.