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Política

Mesmo em minoria no diretório, Jean vence queda de braço com Delcídio

Nessa queda de braço, por incrível que pareça, Jean nocauteia os petistas tucanos e leva o PT para se coligar com o PMDB.

Marcos Tomé/Flávio Paes

28 de Junho de 2012 - 08:42

O vereador Jean Nazareth venceu a queda de braço que manteve por duas semanas com o senador Delcidio do Amaral para a definir o rumo eleitoral do PT na sucessão em Sidrolândia. Mesmo em minoria no diretório (17 votos a 6) e sem o respaldo da Executiva Estadual (controlada pelo senador), Jean conseguiu melar o que parecia ser uma decisão irreversível: o apoio do partido à candidatura de Enelvo Felini. A aliança articulada pelo grupo liderado pelo presidente do diretório, Gilmar Antunes, tinha  dois avalistas de peso com densidade política regional: Delcidio e o deputado federal Reinaldo Azambuja, presidente regional do PSDB.

A persistência de Jean garantiu o  PT no palanque do PMDB, indicando o vice da chapa encabeçada pelo empresário Acelino Cristaldo. O vereador recorreu ao diretório estadual para contestar a aliança com os tucanos, invocando a recomendação da cúpula nacional que veta coligações do PT com o PSDB, Democratas e PPS. A Executiva engavetou o recurso sem ao menos examiná-lo.

O vereador foi então ao diretório nacional que reafirmou a proibição da aliança com os três partidos de oposição a presidente Dilma e recomendou à direção estadual que os filiados fossem convocado para decidir num encontro entre candidatura própria e alinhamento com o candidato do PMDB.

A Executiva Estadual na quarta-feira convocou o encontro para o sábado, mas por volta das 23 horas da sexta-feira, véspera das prévias, resolveu cancelar a consulta, optando pela convenção convocada pelos petistas favoráveis a coligação com o PSDB. O impasse se estabeleceu: os filiados por 118 votos a 1 optaram por coligação com o PMDB e na convenção, 17 integrantes do diretório preferiram ficar com os tucanos. Na segunda-feira o presidente do diretório regional, Marcus Garcia, anunciou que o encontro não teve validade, prevalecendo à convenção.

Garcia baseou-se na nova resolução nacional que suspendeu a proibição às alianças com os partidos de oposição. Só que se esqueceu de mencionar um detalhe: casos já submetidos ao diretório nacional, como o de Sidrolândia, ficaram de fora desta nova orientação.

Prestigio de Delcidio

Foto: Emmileny Monteiro/Região News

Delcidio

Por conta de emendas parlamentares que apresentou viabilizando recursos para prefeitura, o senador Delcidio do Amaral ganhou influência e teve o apoio do atual prefeito na campanha da sua reeleição em 2010. Em atenção a um pedido do senador, Daltro Fiúza chamou de volta para a Secretaria Municipal de Assistência Social, cinco petistas, incluindo o secretário Marcio Marqueti, que haviam sido demitidos em dezembro.

Ao resgatar do desemprego os apadrinhados de Delcidio, com 17 dos 23 votos no diretório municipal, o prefeito acreditava ter assegurado o PT no palanque do seu candidato. De forma surpreendente, por orientação do senador, esses petistas que por mais de três anos ocuparam cargos na prefeitura, pediram demissão no início de março para se aliar ao pré-candidato do PSDB, adversário político histórico de Daltro.

Racha no PT

Ao perceber a manobra politica do grupo ligado ao senador, Daltro dado momento, chegou a admitir que não mais tivesse o PT em seu palanque, mas, devido às divergências internas entre o grupo que controla o partido e o que acompanha o vereador Jean Nazareth, surgiu-se uma luz no fim do túnel.

Apesar do rompimento entre Daltro e Jean por conta da eleição da mesa diretora da Câmara Municipal em dezembro de 2010, Jean, sempre se posicional como fiel escudeiro de Fiuza. Tanto que mesmo diante a onda de demissões, em retaliação ao ocorrido, Jean Nazareth buscou o entendimento com o chefe do executivo e alguns meses depois, passou ter livre transito novamente com Fiuza.

Na época, os mesmos defensores da atual aliança com o PSDB usaram o argumento de que o PT não poderia se aliar aos tucanos para pedir a cabeça do vereador. Eles queriam a expulsão de Jean do Partido dos Trabalhadores por entender que a vaga de vice-presidente do legislativo, conferido ao vereador Di Cezar, seria uma quebra estatuaria do partido, razão pela qual o vereador descumpriu uma suposta normativa nacional.

Por fim, desde então se estabeleceu um verdadeiro racha entres as forças politicas ligadas ao senador Delcidio do Amaral e Zeca do PT. Delcidio claramente defendeu nos bastidores a aliança com o PSDB, por outro lado, o ex-governador Zeca do PT orientou Jean Nazareth a se posicionar a cerca do impasse petista em Sidrolândia. Nessa queda de braço, por incrível que pareça, Jean nocauteia os petistas tucanos e leva o PT para se coligar com o PMDB.