Política
Petistas se posicionam contra criação de comissão para investigar o CIMI
Correio do Estado
05 de Maio de 2023 - 08:29
O Correio do Estado também procurou a bancada do PT na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) para ouvir a opinião dos três deputados estaduais sobre a denúncia feita pelo deputado estadual Coronel David (PL) de que o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teria financiado a invasão da Fazenda do Inho, localizada no município de Rio Brilhante (MS), na noite de 6 de março deste ano.
A parlamentar Gleice Jane lembrou que os povos Guarani Kaiowá decidem suas lutas na Aty Guassu, uma assembleia de indígenas. “Tentar responsabilizar o CIMI, como estratégia de deslegitimar a luta deste povo não é a melhor saída para os conflitos e nem para Mato Grosso do Sul. Está guerra com os povos Guarani Kaiowá já levou várias vidas indígenas e tem criado uma imagem muito negativa do nosso estado”, destacou.
A deputada estadual informou que algumas empresas têm desistido de vir para Mato Grosso do Sul diante desse conflito. “Precisamos ser inteligentes e pacificar o estado. Há alternativas, mas precisamos construir condições para os diálogos”, afirmou, se posicionando contra a criação de uma CPI para esse caso. “A solução para os conflitos não é criar mais conflitos”, apontou.
Já o presidente da bancada do PT na Casa de Leis, deputado estadual Zeca do PT, disse que o Coronel David fez um pronunciamento muito sério e apresentando provas, recibos, notas fiscais, enfim, comprovantes de que o CIMI, que é um organismo ligado à Igreja Católica, estaria patrocinando invasões de terras pelos índios, como, por exemplo, lá em Rio Brilhante.
“Isso é muito sério, pois cria um clima de confronto, cria um clima de violência e, particularmente, cria um clima de indisposição dos setores do agronegócio com o governo do presidente Lula. Que reiterada vezes tem dito que não concorda com esse tipo de comportamento”, lamentou.
Na avaliação dele, a partir da denúncia do Coronel David, o governo de Mato Grosso do Sul tem de ir até as últimas consequências para responsabilizar o CIMI pelo ato absurdo que comete ou que patrocina. “Inclusive colocando em risco a vida de índios inocentes, que são utilizados como ponta de lança para gerar esse clima de intranquilidade”, declarou.
Para Zeca do PT, na hora que morrer algum indígena, aí vai o CIMI e um monte de radicais lá chorar em cima do corpo de uma pessoa que sofreu as consequências do ato irresponsável, descabido, insensato e inconsequente.
“Eu fiz uma parte no pronunciamento do Coronel David cumprimentando pelo pronunciamento corajoso que fez e levei uma certidão da área lá de Rio Brilhante adquirida do governo ainda da província do Mato Grosso em 1854”, citou.
Portanto, de acordo com ele, a grande maioria dessas pessoas que têm as suas áreas invadidas são proprietários, adquiriram aquela terra, como este caso do Rio Brilhante. “Adquiriram do governo da província na época ou do governo federal. E este quem vendeu tem que ser em última instância então responsabilizado pela indenização. Não é?”, questionou.
O parlamentar destacou que essas terras não podem ser arrancadas à força, com ato violento, tem que ser como o Lula pede. “Lula diz que precisa ser indenizado o proprietário”, ressaltou, completando que não é a favor de uma CPI, pois já está provado o fato e o governo brasileiro tem responsabilizar criminalmente o CIMI pelos atos que patrocinam.
“Cobrar e exigir do CIMI e de outros organismos que eventualmente estejam por trás dessa baderna que sejam responsabilizados pelos atos que praticam. Também no meu no aparte disse que não concordo com esse tipo de comportamento, não vou participar, não contem comigo tá”, afirmou.
Zeca do PT disse que se elegeu pensando na agricultura familiar que produz pequenos proprietários. “Os assentados da reforma agrária, do crédito fundiário, os pequenos proprietários da agricultura familiar tradicional, chacareiros, os sitiantes as comunidades indígenas que já tem suas áreas demarcadas, os quilombolas. Para esses, eu vou trabalhar colocando os recursos da minha emenda, viabilizando, se Deus quiser, recursos com o Governo Federal”, avisou.
O presidente da bancada do PT ainda citou o deputado federal Vander Loubet (PT-MS), que já lhe deu mais de R$ 5 milhões das suas emendas para a compra de equipamentos, combustíveis e sementes.
“Enfim, tudo que for necessário para que eles possam produzir, melhorando a vida deles, tendo renda e vivendo com cidadania. Esse tipo de comportamento não tem o meu aval e eu não vou participar dele”, finalizou.