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Política

PSDB e PSB farão pacto de não agressão para eventual 2º turno

Sou pré-candidato ao governo de Minas pelo PMDB. Já começamos um movimento pró-candidatura própria e temos cerca de 70% dos convencionais do nosso lado.

O Globo

06 de Fevereiro de 2014 - 09:19

Durante o recesso parlamentar, o presidenciável tucano Aécio Neves (MG) avançou em negociações políticas com o também presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) e seus interlocutores para consolidar parceria iniciada ano passado em torno de um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT), nas eleições de outubro.

Esse acordo parte da manutenção da aliança entre PSB e PSDB em estados-chave, ainda que a promessa de apoio recíproco seja apenas no segundo turno.

É o caso de São Paulo, onde a combinação entre os dois, até agora, será lançar um candidato próprio do PSB ao governo do estado para Campos poder apresentar “algo novo”, como deseja a ex-senadora Marina Silva, mas já assegurando que o governador Geraldo Alckmin terá o apoio do PSB em um eventual segundo turno.

Em Minas Gerais, terra de Aécio, PSDB e PSB devem manter a aliança atual. Em outros estados, haverá uma espécie de acordo de cavalheiros, um pacto de não agressão.

Entre Aécio e Eduardo a combinação é se aliar onde for possível, mas não romper por diferenças locais. A máxima de Aécio tem sido: “Onde dá para estar juntos, bem, onde não, paciência”.

O senador tem dito a pessoas próximas que seu acordo com Campos é para montar uma estrutura para o segundo turno da eleição presidencial, mas que não se trata de palanques duplos, e sim, de uma estratégia de convivência. A ideia é fazer o que for possível para facilitar a vida do outro.

Decisões centralizadas

Além dos entendimentos em Minas e em São Paulo, Aécio e Eduardo Campos já fizeram um acordo prévio também para as eleições ao governo de Pernambuco: em contrapartida à decisão do PSB de não lançar um candidato ao governo de Minas, para não atrapalhar os planos dos tucanos, o PSDB nacional também não deve aprovar candidatura própria no estado de Campos.

Os tucanos alimentavam a ideia da candidatura de Daniel Coelho, que teve bom desempenho nas eleições para a prefeitura de Recife, em 2012, mas o caminho deve ficar livre para o candidato de Eduardo Campos, que ainda será escolhido.

E para controlar as composições políticas do PSDB em todos os estados, tendo sempre em vista o projeto nacional, outra ofensiva de Aécio é aprovar semana que vem, na reunião da Executiva Nacional do PSDB, documento determinando que qualquer coligação estadual terá de passar pelo crivo nacional.

O senador tem dito que o PSDB “pagou o preço” nas últimas eleições, por não ter submetido as alianças regionais à nacional. E já avisou a tucanos que as decisões serão centralizadas, e que, se preciso, haverá intervenção. Em Minas, Aécio está tentando cooptar o descontente PMDB para sua aliança.

Se o PMDB vier, vale a pena ceder um espaço — disse Aécio a interlocutores recentemente.

Anastasia: candidatura em aberto

De olho nesse apoio, o tucano deixa aberta a possibilidade de ceder a vaga reservada para o governador Antonio Anastasia ao Senado ou mesmo à vice do PSDB para mobilizar um acordo com o principal partido da base aliada no governo Dilma Rousseff (PT).

No que depender do senador Clésio Andrade (PMDB-MG), que pretende disputar o governo do estado, rompendo a aliança com o PT, Aécio poderá contar com palanque duplo em Minas, mesmo sem abrir mão de outra vaga reservada ao PSDB.

Sou pré-candidato ao governo de Minas pelo PMDB. Já começamos um movimento pró-candidatura própria e temos cerca de 70% dos convencionais do nosso lado.

A convenção do partido não vai aprovar uma composição com o PT no estado, e a Executiva Nacional já disse que não vai se meter. A cúpula do PMDB já decidiu que não vai interferir na escolha de Minas. Meu palanque está aberto, com certeza para o Aécio — afirmou o senador Clésio.

Até o momento, o PSDB em Minas tem como certo lançar o tucano Pimenta da Veiga ao governo e como vice o atual presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PP). Mas Aécio deve segurar até o último momento o anúncio do atual governador Antonio Anastasia como candidato ao Senado.

O presidenciável usa Anastasia, favorito ao Senado, como peça importante no xadrez: enquanto o chapéu dele estiver segurando a cadeira do Senado, o PT fica só com a vaga de vice de Fernando Pimentel para oferecer aos outros partidos.