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Região

Conselheiro diz ter gosto por ganhar dinheiro e costume de guardar em casa

O conselheiro alegou que junta o dinheiro desde 1995 e diz não  ter declarado o imposto por ter três ex-mulheres.

Insvestiga MS Notícias

09 de Dezembro de 2022 - 09:14

Conselheiro diz ter gosto por ganhar dinheiro e costume de guardar em casa
Na investigação também é destacada a quantia de R$ 889,6 mil encontrada . Foto: Divulgação/TCE.

A operação que resultou no afastamento de três conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE/MS) teve início com polêmica envolvendo o ex-prefeito Alcides Bernal, que travou briga com a empresa CGSolurb, responsável pela coleta de lixo em Campo Grande. Bernal  anulou a concessão para a empresa, mas o conselheiro Ronaldo Chadid suspendeu os efeitos do decreto.

Segundo a denúncia, após conceder a liminar, Chadid apresentou voto, referendado pelo plenário, pelo arquivamento, sob o argumento da perda de objeto, em razão da edição do novo Decreto Municipal, promulgado em decorrência da sua decisão liminar.

“A fundamentação da decisão aparenta estar eivada de erro grosseiro, na medida em que o Tribunal reconhece a perda de objeto do processo pela edição de Decreto Municipal, que foi promulgado por determinação da própria Corte de Contas. Além disso, as irregularidades no certame licitatório e os indícios de fraude apontados pela Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal não foram sequer objeto de análise no voto apresentado, beneficiando a empresa CGSOLURB SOLUÇÕES AMBIENTAIS – SPE LTDA”, observa a denúncia.

Hábito de guardar em casa

Na investigação também é destacada a quantia de R$ 889,6 mil encontrada na casa do conselheiro e R$  729,6 no apartamento da assessora.  Durante depoimento, o conselheiro disse ser árabe, com costume de guardar dinheiro em casa.

“Ao longo dos anos eu venho juntando dinheiro, né? Eu sou árabe, sempre tive hábito em guardar dinheiro em casa, já exerci atividade na advocacia, como delegado de polícia, promotor de justiça, procurador do Ministério Público de contas, e por fim, conselheiro, mas sempre eu tive atividade paralela na docência, eu criei, praticamente, 6 cursos de Direito aqui no Estado, promovi diversos cursos de especialização, cursos de extensão, e também sou investidor em Minha Casa Minha Vida, tenho essa atividade na área imobiliária. Eu tenho 5 (cinco) filhos e 2 (dois) netos, então eu tenho que trabalhar mais do que o normal, é produto do meu trabalho, da minha propriedade, esse dinheiro”, afirmou.

O conselheiro alegou que junta o dinheiro desde 1995 e diz não  ter declarado o imposto por ter três ex-mulheres, que recorrentemente pedem revisão de pensão. Ele alega que a maior parte do dinheiro vem da docência, atuando em diversos cursos de direito.

Chadid foi questionado sobre o dinheiro encontrado, que não demonstrava aspecto de algo guardado por 20 anos e disse ter renovado, revelando gosto por ganhar dinheiro. Gosto por ganhar dinheiro. “Não, eu fazia negócio, se olhar minha declaração de Imposto de Renda vai verificar que eu circulei, toquei carros, eu sempre fui… Como um bom árabe, eu sempre gostei de ganhar dinheiro”, afirmou.

Na avaliação da polícia, os argumentos apresentados pelo Conselheiro, no sentido de ter por hábito guardar dinheiro em casa e que os valores seriam economias acumuladas ao longo da vida, não são hábeis a comprovar a proveniência lícita do dinheiro apreendido.

“Causa enorme estranheza, seja sob o enfoque da questão da segurança ou no tocante à rentabilidade proporcionada por investimento em instituição financeira, a manutenção de vultosa quantia de dinheiro em espécie armazenada de forma precária, acondicionada em malas, e em poder de terceiros”, pontuou.

O conselheiro também foi flagrado em contados com os secretários de Estado da Fazenda, Felipe Mattos e do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, para tratar das questões de interesse de um advogado.

“Trata-se de comportamento incompatível com o exercício do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas, que pode configurar, em tese, a prática do crime de advocacia administrativa, o que demanda aprofundamento das investigações”, pontuou o inquérito.