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Região

Um dia após fuga bizarra, homem é morto em confronto com policiais

Além do fugitivo, um segundo suspeito também acabou sendo morto.

Correio do Estado

16 de Setembro de 2023 - 09:48

Um dia após fuga bizarra, homem é morto em confronto com policiais
Diversas equipes da PM e da Polícia Civil foram mobilizadas para recapturar o homem que fugiu no dia anterior, mas ele teria reagido.

Pouco mais de 24 horas depois de fugir das mãos da polícia, Maikel Pereira dos Santos, de 28 anos, foi morto por agentes de segurança na noite desta sexta-feira (15) em Dourados. Na operação, os policiais também mataram Flávio Daleffi, de 45 anos, mais conhecido como "C4". Com mais estes dois casos, são pelo menos 83 mortes no Estado neste ano em decorrência de intervenção policial

De acordo com o delegado Erasmo Cubas, os dois teriam atirado contra os policiais durante uma tentativa de prisão em uma residência na chamada favelinha do Joquei Clube, na periferia de Dourados. Os agentes então revidaram e Maikel morreu na hora. Flávio ainda chegou a ser socorrido, mas faleceu no Hospital da Vida.

Apontado como homem de alta periculosidade, Maikel, que seria um dos chefes da facção Comando Vermelho, havia escapado do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) na quinta-feira, dois dias depois de ter sido capturado sob a acusação de ser o mandante de uma decapitação ocorrida em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso.

Ele estava no IMOL junto com outros sete presos que estavam sendo levados para o presído quando, na versão oficial, se livrou das algemas e pulou o muro do prédio público sem ser percebido. Depois disso, uma força tarefa foi montada para tentar recapturá-lo.

Na tarde desta sexta-feira, segundo o delegado Erasmo Cubas, os investigadores descobriram que ele estava no imóvel, usado como uma espécie de ponto de apoio para integrantes da facção, e à noite várias equipes da PM e da Polícia Civil cercaram a casa, mas mesmo assim ele e o comparsa não se entregaram, segundo o delegado.

Depois do confronto, dois revóveres, calibres 32 e 38, foram apreendidos no imóvel, onde também havia porções de drogas e veículos roubados, de acordo com o Delegado.

Flávio, ou C4 (expressão utilizada em organizações militares, principalmente nas policias militares, significa louco, maluco), que chegou a ser socorrido, já tinha cumprido pena no presídio de Dourados e, segundo o delegado, era integrante do Comando Vermelho.  Ele, conforme o delegado, teria resgatado Maikel depois que ele escapou do IMOL

Maikel vivia em Dourados com documentos falsos e contra ele havia pelo menos seis mandados de prisão expedidos pela Justiça de Mato Grosso, principalmente po envolvimento com o narcotráfico e assassinatos.

Em um dos casos ele é apontado como responsável pela decapitação de  Gediano Aparecido da Silva, de 19 anos, em janeiro de 2022, em Lucas do Rio Verde. A cabeça dele foi encontrada em uma lixeira.

O crime foi filmado e compartilhado nas redes sociais por Nithiely Catarina Day Souza, de 19 anos, que por conta disso acabou sendo presa meses depois. No período em que estava sendo procurada pela polícia, ela postou mensagens nas redes sociais zombando dos policiais, que não a encontravam.

E justamente por conta disso é que o próprio Maikel também passou  a ser alvo das insistentes buscas policiais. Ele foi preso na quinta-feira depois que investigadores do Dracco, de Campo Grande, descobriram seu paradeiro. E, como ele escapou horas depois, a recaptura passou a ser a prioridade das forças policiais de Dourados.

ESTATÍSTICAS

Agora, os dois engrossaram uma estatística que desde o começo do ano está apresentando números sem precedentes. Conforme dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro até agora morreram 83 suspeitos em confrontos com a polícia em Mato Grosso do Sul.

O número é 63% maior que as 51 mortes registradas ao longo de todo o ano passado. Supera, inclusive, em 19% as 70 mortes ocorridas em 2019, ano de maior letalidade policial que se tem registro no Estado.

Das 83 mortes ocorridas até agora, 38 ocorreram em Campo Grande e as outras 45, no interior. Em Dourados, que desde maio não aparecia nas estatísticas, foram 12 mortes até agora, sendo três só em setembro. Somando os casos dos últimos três anos, foram oito ocorrências do gênero.

Os números de 2023 também já superam os de 2019, ano recorde no município, quando 10 suspeitos morreram em confrontos com policiais.