SIDROLÂNDIA- MS
Após mais de 20 anos, com ajuda de produtores, Valinhos está perto de conquistar prédio da escola
No Valinhos, são 86 famílias, sendo 75 famílias em Sidrolândia, 11 moram na margem do Rio Brilhante que fica em Maracaju.
Redação/Região News
15 de Junho de 2025 - 17:35

A partir de 2026, após mais de 20 anos de espera, a comunidade do Valinhos, assentamento localizado a mais de 70 km do centro de Sidrolândia, divisa de Maracaju, ganhará a sede própria da escola que atualmente funciona numa casa vizinha à Igreja Católica no lado maracajuense do núcleo, como extensão da Escola Darci Ribeiro, do Assentamento Capão Bonito. No Valinhos, são 86 famílias, sendo 75 famílias em Sidrolândia, 11 moram na margem do Rio Brilhante que fica em Maracaju.
São 9 alunos da pré-escola numa sala e 14 do 1⁰ ao 5⁰ ano, distribuídos em turmas multisseriadas em duas salas. Um grupo de 20 alunos do 1⁰ ao 9⁰ ano tem de levantar às 4h30 da manhã para embarcar no ônibus do transporte escolar para estudar em Maracaju, a 50 km de distância. Duas vezes por mês a atividade escolar é suspensa para que os médicos enviados pela Prefeitura de Maracaju atendam a população.

Na semana passada, o Incra recebeu o georreferenciamento da área de 1.325 metros quadrados onde desde 2023 está sendo erguido o futuro prédio da escola. O documento abre caminho para a autarquia entregar ao município o documento de cessão de uso do terreno.

A expectativa é que até dezembro fique pronta a construção com três salas de aula, sala dos professores, secretaria, cantina, dispensa, saguão que entra agora na fase de acabamento colocação do telhado, forro, piso, vasos sanitários, janelas e portas. Até agora, tudo que foi construído, paredes, ferragens do telhado, o poço e um reservatório de 5 mil litros de água, não recebeu nenhum centavo de público. Tudo foi bancado com recursos arrecadados junto à comunidade, materiais doados por produtores como Jaime Basso e Jan Breure, enquanto Alzemiro Paim, bancou os R$ 70 mil gastos até agora com mão de obra e conseguiu mais R$ 40 mil em material.

Há disponíveis 80 sacas de cimento, areia e pedra suficientes para fazer o contrapiso e o reboco externo das paredes. O presidente do Sindicato Rural, Paulo Stefanello se comprometeu com a doação do forro. O secretário de Educação, Villi Marcos Tognon, garantiu que a Prefeitura vai comprar e o material de acabamento, incluindo piso, portas, janelas , vasos sanitários e pia.
Quem conseguiu mobilizar a comunidade em torno da ideia de construção da escola foi a professora Roseli Pereira, que é filha de assentados e mora no Valinhos. Os filhos dela estudaram as séries iniciais na escolinha que chegou a ser fechada entre 2013 e 2016. Um deles, hoje com 25 anos, tornou-se técnico agrícola em Maracaju. Hoje é funcionário de um dos produtores, Jaime Basso, que está contribuindo com a construção.

Nesta cruzada pela construção da sede da escola, ela contou com a ajuda decisiva do produtor Alzemiro Paim. A família dele chegou na região em 1934, com propriedade perto do Valinhos desde a década de 50. O pai dele, Doralicio Garcez Paim, se dispôs a doar um hectare da sua propriedade para o município, mas o prefeito da época, Jaime Ferreira Barbosa, não mostrou interesse na construção da escola. Ele então tomou a iniciativa de contratar uma professora para alfabetizar os filhos e as crianças de famílias que moravam na região.
Alzemiro já esteve com os prefeitos de Sidrolândia, Rodrigo Basso e de Maracaju, Marcos Calceran e do vice dele, Mauro Christianini, que tem uma propriedade vizinha ao assentamento.
A professora Roseli lembra que o primeiro desafio para iniciar a construção foi a perfuração do poço já que era necessário água para a preparação de massa. Ela conseguiu doações para contratar a perfuração, orçada em R$ 15 mil, além de ter comprado o material do encanamento numa numa loja em Sidrolândia, que custou R$ 6 mil. O produtor Jan Breure doou a caixa d'água.