SIDROLÂNDIA- MS
Baixo retorno financeiro torna o arrendamento alternativa para sobrevivência nos assentamentos
Com mais de 40 mil hectares distribuídos entre assentamentos rurais, Sidrolândia foi uma das maiores apostas da reforma agrária em Mato Grosso do Sul.
Redação/Região News
27 de Julho de 2025 - 20:21

Com mais de 40 mil hectares distribuídos entre assentamentos rurais, Sidrolândia foi uma das maiores apostas da reforma agrária em Mato Grosso do Sul. No entanto, passadas mais de três décadas da criação dos primeiros projetos, o baixo retorno financeiro e a exclusão das políticas públicas de apoio à agricultura familiar transformaram o arrendamento de lotes em alternativa de sobrevivência para boa parte dos beneficiários.
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Há estimativas de que cerca de 50% da área total dos assentamentos — 20 mil hectares — estejam sendo explorados por terceiros, via contratos informais de arrendamento, para o plantio de soja e milho, culturas que são carro-chefe do agronegócio no município.
Um retrato dessa realidade aparece nos dados do CadÚnico, que identificou 3.920 famílias assentadas em Sidrolândia. Desse total, 1.864 famílias (47%) não tiveram qualquer ocupação remunerada nos últimos 12 meses. Apenas 1.422 trabalharam nesse período, sendo 783 por conta própria, 469 com carteira assinada e 168 são servidores públicos.
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Em relação à renda per capita, 466 famílias vivem em extrema pobreza (renda abaixo de R$ 109,00); 180 famílias têm renda entre R$ 109 e R$ 218, ainda consideradas em situação de pobreza; 1.329 famílias superam a linha de ½ salário mínimo por pessoa; 795 famílias recebem o Bolsa Família.
Esses números confirmam o que já é perceptível em campo: sem assistência técnica, sem crédito e com envelhecimento da população rural, grande parte dos beneficiários da reforma agrária acabou abandonando ou arrendando suas terras.
Sidrolândia é apenas 8ª em captação do Pronaf
Mesmo com mais de 4.400 lotes de assentamentos, Sidrolândia ocupa apenas o 8º lugar no ranking estadual de captação de recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), segundo levantamento do Banco Central em 2024.
O principal obstáculo é a falta de assistência técnica sistemática, que inviabiliza a elaboração de projetos para financiamento e exclui os pequenos produtores das linhas de crédito rural. Além disso, a falta de titulação definitiva da terra impede muitos de oferecerem garantias às instituições financeiras.
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Para técnicos e lideranças locais, esse cenário tem tornado o arrendamento uma válvula de escape. Em vez de abandonarem os lotes, muitos assentados preferem cedê-los para médios e grandes produtores que operam com tecnologia e capital no plantio de grãos. Em troca, recebem valores fixos ou percentuais sobre a produção, mesmo em contratos informais, muitas vezes ilegais segundo as regras da reforma agrária.




