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SIDROLÂNDIA- MS

Censo do IBGE mostra que ao longo de 12 anos mais de 11.200 pessoas deixaram Sidrolândia

No intervalo de 12 anos, entre o censo de 2010 e o levantamento realizado em 2022, o fluxo migratório para Sidrolândia caiu drasticamente.

Redação/Região News

29 de Junho de 2025 - 18:41

Censo do IBGE mostra que ao longo de 12 anos mais de 11.200 pessoas deixaram Sidrolândia
Vista aérea de Sidrolândia. Foto: Arquivo RN

No intervalo de 12 anos, entre o censo de 2010 e o levantamento realizado em 2022, o fluxo migratório para Sidrolândia caiu drasticamente. Na década passada, quando a população aumentou quase 80% (passou de 23.483 para 42.132 habitantes), a cidade atraiu 14.531 pessoas, incluindo famílias de sem-terra contempladas pela reforma com lotes no Complexo Eldorado. O cenário captado pelo último censo é bem diferente. O IBGE constatou que 11.274 moradores deixaram a cidade, enquanto 9.750 se estabeleceram no município. Configurou-se um déficit migratório de 1.524 pessoas, ou seja, o contingente que chegou à cidade, foi menor dos que foram tentar a sorte em outras cidades.

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Os cálculos do IBGE levaram em conta indicadores como o número de nascimentos e óbitos do período, além de informações levantadas junto aos moradores como a cidade e o estado onde nasceram, há quanto tempo se mudaram. A partir do cruzamento dos dados levantados em todos os municípios se apurou as duas pontas do fluxo migratório (chegada e saída da população).

Censo do IBGE mostra que ao longo de 12 anos mais de 11.200 pessoas deixaram Sidrolândia

Em 12 anos, conforme os dados apurados junto ao banco de dados do Ministério da Saúde e dos cartórios, foram registrados 9.031 nascimentos e 2.521 óbitos. O resultado é um crescimento natural (a diferença entre nascidos vivos e as mortes), de 6.510, o que significaria um crescimento e 15,45% sobre a população apurada pelo censo de 2010, passando de 42.132 para 48.642 habitantes, alcançando uma população de 58.492 habitantes com a chegada de 9.750 moradores. Eles vieram majoritariamente de cidades vizinhas (88%), atraídos pelas oportunidades de emprego, principalmente nos dois frigoríficos estabelecidos na cidade, JBS e Balbinos, além da Rio Pardo Proteína Vegetal, indústria de soja, que juntas tem quase 2.800 funcionários.

Entretanto, como mais de 11.200 moradores mudaram da cidade, a população foi estimada em 47.118 habitantes, com projeção de ter atingido no ano passado 49.374 habitantes um patamar bem abaixo das projeções de 60 mil habitantes divulgadas até a coleta de dados do censo em 2022.

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Para o geógrafo Geovane Ferreira, este fluxo migratório negativo é fortemente influenciado pelos filhos de assentados que saíram da cidade em busca de oportunidades de trabalho em outras cidades, mas também para fazer faculdade. "Estes jovens chegaram ainda criança em Sidrolândia no início dos anos 2.000 quando seus pais conquistaram um lote da reforma agrária. Muitos deles casaram e fora embora porque a produção do lotes não garante renda suficiente para a família deles e os pais"constata.

Muitos jovens deixaram o assentamento para realizar o sonho de fazer um curso superior. É o caso de Kessilyn Gabriela, hoje acadêmica de agronomia na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Filha de dona Lourdes, assentada do Valinhos que se dedica à horticultura, ela estudou os anos iniciais do Ensino Fundamental (do 1⁰ ao 5⁰ ano) na escola do assentamento, cursou os anos finais do Ensino Fundamental (6⁰ ao 9⁰ ano) e o Ensino Médio em Maracaju, 60 km distante de casa, o que a obrigava a viagens diárias pela MS-162 até a escola.

Censo do IBGE mostra que ao longo de 12 anos mais de 11.200 pessoas deixaram Sidrolândia
Jennifer Rodrigues. Foto: Divulgação

As irmãs Jennifer e Michele tiveram que deixar Sidrolândia para estudar em Campo Grande. Michele Oliveira se formou em direito, se casou e hoje atua como advogada na Capital Jennifer Rodrigues está cursando o 4º ano de medicina na Universidade Federal. Como estagiária, faz plantão toda quinta-feira no Pronto Socorro da Santa Casa.

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O êxodo dos jovens está gerando um apagão de mão de obra em empresas como JBS, que tem hoje um déficit de 80 funcionários. A empresa está recrutando pessoal nos distritos do Capão Seco e Quebra Coco, aldeias, não só da Reserva Buriti, mas também em Nioaque a mais de 130 km de distância.