Frigorífico Balbinos pede recuperação judicial para renegociar dívida de R$ 120 milhões

O frigorífico Balbinos Agroindustrial Ltda, empresa que atua no abate de bovinos, exportação e comércio de carnes, entrou com um pedido de recuperação judicial. A ação protocolada na Vara Regional de Falências e Recuperações da Comarca de Campo Grande, vai permitir a renegociação da dívida de curto prazo que soma mais de R$ 120 milhões, o que vai garantir continuidade das operações e os cerca de 600 empregos diretos e indiretos que gera em Sidrolândia. A empresa está em férias de coletivas desde o último dia 17 de outubro, honrou os compromissos trabalhistas e programou para o dia 6 a retomada da produção.

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A decisão de buscar a recuperação judicial ocorre em um cenário de severa crise econômico-financeira, conforme detalhado no processo. A empresa atribui a situação a um conjunto de fatores internos e externos que comprometeram seu fluxo de caixa e capital de giro. A Balbinos realizou nos últimos anos investimentos superiores a R$ 50 milhões em modernização da planta e câmaras frias. No entanto, esses aportes não geraram o retorno financeiro esperado.

O endividamento foi agravado pela alta dos juros e pela volatilidade das taxas cambiais, impactando significativamente as despesas financeiras. Os relatórios financeiros da empresa apontam um passivo total de R$ 185.450.206,47 em 30 de setembro de 2025, com prejuízos acumulados que já somavam R$ 15.522.638,14 no final de 2024. As dívidas com bancos e fornecedores são expressivas: o Banco Daycoval detém R$ 22.417.407,11, o Banco Sofisa SA, R$ 13.918.498,90, e o Banco do Brasil SA, R$ 4.873.750,00, além de R$ 3.500.000,00 com o Unique Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.

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Segundo sustenta na peça, “o setor pecuário em Mato Grosso do Sul enfrenta mudanças estruturais, com o avanço de outras culturas agrícolas que reduziram a oferta de gado para abate”. Essa diminuição, combinada com secas recentes, elevou o custo da arroba bovina, superando, por vezes, os preços de São Paulo. Embora o Brasil tenha conquistado o status de área livre de febre aftosa sem vacinação, abrindo mercados de exportação, a Balbinos foca principalmente no mercado interno. Este, por sua vez, sofre com a retração econômica e a concorrência com proteínas mais baratas, como frango e suíno.

A  habilitação da planta local  para exportar não foi liberada, embora tenha construído uma sala de desossa, porque espera há mais de 4 anos que o poder público conclua a pavimentação do acesso ao pátio de embarque e desembarque de gado. Um dos maiores desafios da empresa é o passivo fiscal junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que alcança R$ 107.624.964,03. Desse valor, aproximadamente 97% está relacionado a débitos do Funrural, cuja cobrança está atualmente suspensa por decisão do Ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal, aguardando um julgamento definitivo.

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A Balbinos solicitou, de forma cautelar, a concessão de um "stay period" de 180 dias, período em que todas as execuções judiciais contra a empresa seriam suspensas. Essa medida é vista como essencial para que o frigorífico possa reorganizar suas finanças sem a pressão de credores, garantindo a aquisição de matéria-prima e a continuidade da produção. O pedido também inclui a proteção de bens essenciais à operação e o impedimento de protestos de duplicatas e descontos de recebíveis que comprometem o capital de giro.

Os advogados da Balbinos asseguram que a empresa cumpre a maioria dos requisitos legais para o processo de recuperação judicial, incluindo mais de dois anos de atividade regular e a apresentação de demonstrações contábeis. A manutenção da Balbinos é considerada crucial não apenas para a empresa, mas para a economia local, dada a grande quantidade de empregos que sustenta. A expectativa é que a recuperação judicial permita à empresa reestruturar suas dívidas e retomar o caminho do crescimento.