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SIDROLÂNDIA- MS

Gaeco deflagra operação para desmontar células do PCC em Sidrolândia e outras sete cidades

Segundo a polícia, nem todos os mandados de prisão foram cumpridos, e o número de detidos ainda pode aumentar nas próximas horas, à medida que novas diligências forem concluídas.

Redação/Região News

07 de Novembro de 2025 - 13:33

Gaeco deflagra operação para desmontar células do PCC em Sidrolândia e outras sete cidades
Organização criminosa teria ligação com PCC. Foto: Divulgação

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), deflagrou na manhã desta sexta-feira (7) a Operação Blindagem, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa armada ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

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Segundo o Gaeco, o grupo atuava em diversas frentes criminosas, incluindo o tráfico interestadual de drogas, comércio ilegal de armas, corrupção ativa e passiva, agiotagem (usura) e lavagem de dinheiro. A facção era comandada de dentro do sistema prisional e mantinha uma rede de colaboradores em Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Jardim, Bonito e Ponta Porã, além de ramificações em São Paulo e Santa Catarina.

Durante o cumprimento dos mandados de prisão e busca e apreensão, mais de dez pessoas foram presas apenas em Campo Grande. Foram apreendidos armas, cheques e mais de R$ 200 mil em dinheiro vivo.

Segundo a polícia, nem todos os mandados de prisão foram cumpridos, e o número de detidos ainda pode aumentar nas próximas horas, à medida que novas diligências forem concluídas.

Ao todo, a Operação Blindagem cumpriu 76 mandados judiciais — 35 de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão — em Campo Grande, Sidrolândia, Jardim, Bonito, Aquidauana, Corumbá e Ponta Porã, além das cidades de Itanhaém e Birigui (SP) e Porto Belo e Balneário Piçarras (SC).

Em Campo Grande, o advogado Amílton Ferreira, que faz a defesa de um aposentado preso na operação, confirmou que armas foram apreendidas na residência do cliente, mas afirmou que todas estavam registradas. Ele disse que ainda não teve acesso ao procedimento e, por isso, não poderia fornecer mais detalhes.

Os presos na Capital foram levados para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol. Até o momento, há pelo menos 11 pessoas detidas em Mato Grosso do Sul, sendo nove em cumprimento de mandados e duas em flagrante.

Estrutura sofisticada

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As investigações duraram cerca de dois anos e meio e revelaram uma estrutura complexa de tráfico e lavagem de capitais. O grupo utilizava caminhões com fundo falso para transportar grandes quantidades de drogas, disfarçadas com cargas legais de alimentos e notas fiscais regulares, dificultando a detecção durante fiscalizações.

Além disso, os criminosos enviavam entorpecentes pelos Correios, via Sedex, e também usavam veículos de passeio, utilitários e vans com passageiros contratados. As drogas abasteciam cidades do interior de Mato Grosso do Sul e seguiam para outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás.

Ligação direta com o PCC

De acordo com o Gaeco, a organização tinha vínculos diretos com o PCC, que fornecia apoio logístico e financeiro. Membros da cúpula da facção orientavam as operações e aplicavam punições violentas a devedores. Foram identificados casos de extorsão, sequestros e ameaças armadas, usados para forçar o pagamento de dívidas relacionadas ao tráfico e à agiotagem administrada pelo grupo.

Corrupção e privilégios em presídios

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A investigação teve origem na apreensão do celular de um dos líderes da quadrilha, preso no interior do Estado. O aparelho revelou que o detento mantinha contato direto com servidores públicos corruptos, responsáveis por garantir o acesso a telefones, informações sigilosas e regalias dentro das penitenciárias — como permanência em unidades de segurança mínima e transferência de inimigos para outras celas.

Essa rede de proteção deu nome à operação: “Blindagem”, numa alusão à forma como os criminosos se mantinham protegidos mesmo atrás das grades, blindados por servidores e informantes infiltrados no sistema prisional.

Mandados e apoio operacional

As diligências contaram com o apoio do Batalhão de Choque, Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Força Tática da Polícia.