IBGE mostra que queda da natalidade em Sidrolândia foi 310% maior que a média estadual

Sidrolândia encerrou 2024 com a maior retração proporcional de nascimentos entre os municípios sul-mato-grossenses com até 50 mil habitantes. Apenas entre 2023 e 2024, o número de nascidos vivos caiu 24,66%, uma redução 310% maior que a média estadual, que foi de 6%, segundo o IBGE com base no Registro Civil.

✅ Receba no WhatsApp as notícias do RN

A queda se destaca mesmo quando analisado um período mais amplo. Em 2022, o município registrou 484 nascimentos; em 2023, 460; e em 2024, apenas 369. No acumulado de dois anos, a redução chega a 23,76%, o pior desempenho entre as cidades do mesmo porte. A retração em Sidrolândia supera em mais de 100% as quedas observadas em São Gabriel do Oeste (11,52%) e Maracaju (11,59%), que aparecem na segunda e terceira posições no ranking estadual de maior queda.

A comparação com os dados históricos reforça o impacto que o fechamento da maternidade sobre os índices de natalidade.

Em 2014, Sidrolândia registrava 652 nascimentos. Em 2015, foram 630, números equivalentes ao de cidades com estrutura obstétrica consolidada. Ao final de 2024, o total despencou para 369, uma redução contínua ao longo da década.

Maracaju, que tem porte populacional semelhante ao sidrolandense apresenta uma trajetória muito diferente. Mesmo com oscilações, o município registrou 641 nascimentos em 2014 (dado corrigido), subiu para 646 em 2015 e fechou 2024 com 619 nascidos vivos, queda de apenas 3,41% no período muito inferior à verificada em Sidrolândia.

No plano estadual, Mato Grosso do Sul também apresenta tendência de baixa, mas em ritmo moderado. O número de nascimentos passou de 41.933 em 2014 para 37.809 em 2024, redução de 9,83%. Ou seja, Sidrolândia perdeu natalidade a um ritmo quase três vezes maior que o do Estado.

Estrutura obstétrica fragilizada explica parte da queda

✅ Clique aqui para seguir o RN no Facebook 

Embora parte da redução acompanhe a tendência nacional de famílias menores, em Sidrolândia o fenômeno é intensificado por limitações locais na assistência ao parto.

Desde 2016, o Hospital Dona Elmíria Silvério Barbosa não realiza cesarianas, modalidade responsável por até 60% dos partos no Brasil. Em 2023, o fechamento do Centro de Parto Normal (CPN) por falta de equipe de retaguarda agravou a situação, deixando o município sem condições de atender gestantes de risco e restringindo inclusive partos normais.

Como consequência, em 2024, 519 dos 644 nascimentos de mães sidrolandenses ocorreram em Campo Grande, o que significa que mais de 80% das crianças não nasceram no município. Apenas 125 partos foram realizados localmente, número diretamente responsável pela baixa taxa oficial de natalidade registrada pelo IBGE.

Com a contabilização apenas dos nascimentos ocorridos no território municipal, Sidrolândia aparece em 2024 com 7,8 nascimentos por mil habitantes, a menor taxa entre os municípios sul-mato-grossenses com população entre 30 mil e 50 mil moradores.

Se todos os partos de residentes tivessem sido realizados na cidade, a taxa real seria de 13,66%, patamar semelhante ao de cidades como Costa Rica, Maracaju e Aquidauana, que apresentam entre 13 e 14 nascimentos por mil habitantes.

Censos revelam famílias menores

Os Censos Demográficos de 2010 e 2022 ajudam a contextualizar o quadro. Em 12 anos, aumentou o percentual de mulheres com apenas um filho (de 21,17% para 22,85%) e houve crescimento mais significativo do grupo com dois filhos (de 27,52% para 32,33%). O padrão confirma a preferência crescente por famílias menores, uma tendência nacional que, em Sidrolândia, se soma à falta de estrutura para partos, acentuando a queda dos nascimentos.

Ranking 2024 – Nascimentos por mil habitantes (cidades de 30 a 50 mil moradores)

✅ Clique aqui para seguir o RN no Instagram

Sidrolândia aparece na última posição entre 12 municípios de perfil populacional semelhante:

1. Costa Rica – 14,4

2. Maracaju – 14,2

3. Naviraí – 14,0

4. Aquidauana – 13,5

5. Chapadão do Sul – 13,4

6. Coxim – 13