SIDROLÂNDIA- MS
'Mulas do tráfico' recebem penas mínimas e voltam às ruas
Jovens recrutados para o transporte de drogas foram condenados, mas obtiveram o direito de responder em liberdade.
Redação/Região News
09 de Novembro de 2025 - 15:48

Depois de uma curta temporada na cadeia, dois jovens recrutados pelo tráfico de drogas para atuar no transporte de entorpecentes — as chamadas “mulas” — voltaram às ruas.
Eles foram condenados pela Justiça em processos distintos, mas ambos receberam penas mínimas, que permitem cumprimento em liberdade. As sentenças foram proferidas pelo juiz Bruce Henrique dos Santos.
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No primeiro caso, ocorrido em 22 de outubro de 2024, por volta das 18h10, uma mulher identificada pelas iniciais M.S.F., moradora de Jataí (GO), foi flagrada transportando drogas em uma van de linha Ponta Porã/Campo Grande, de placa SLZ8G25.
Durante abordagem na BR-060, policiais encontraram 1,150 kg de haxixe e 2,120 kg de skunk, escondidos em uma mochila e em uma caixa de som. No veículo viajavam apenas três passageiros.
A prisão ocorreu durante uma fiscalização de rotina. Segundo o boletim, os policiais perceberam o nervosismo da passageira, o que despertou suspeitas. Na revista das bagagens, localizaram os tabletes de droga escondidos na mochila e na caixa de som.
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Confrontada, M.S.F. confessou que havia aceitado levar o entorpecente até Jataí, onde receberia R$ 3 mil pelo transporte. A jovem contou que trabalhava como diarista e telefonista, com rendimentos diários entre R$ 70 e R$ 90, e que o dinheiro seria usado para ajudar no sustento dos três filhos, de 11, 14 e 15 anos.
Ela relatou ter sido convencida por um conhecido em Ponta Porã, que garantiu se tratar de uma “entrega rápida e sem risco”. Após ser presa em flagrante, foi levada à Delegacia de Polícia Civil de Sidrolândia, onde foi autuada por tráfico de drogas.
A pena inicial, de 5 anos e 10 meses de reclusão, foi reduzida em dois terços (2/3) porque o magistrado reconheceu que ela é primária, não se dedica habitualmente à atividade criminosa e não integra organização criminosa.
A condenação final ficou em 1 ano e 10 dias de prisão e 193 dias-multa, em regime aberto.
“Zerinhos”, fuga e droga no estepe
Em outro processo, o réu L.S.S. foi condenado por tráfico de drogas após ser preso em flagrante na Avenida Mato Grosso, entre 2h30 e 6h da manhã do dia 8 de fevereiro de 2025.
Ele dirigia um Volkswagen Fox, placa DTZ-0534, e fazia manobras conhecidas como “zerinhos” quando foi abordado pela polícia. Na tentativa de fuga, lançou um pacote pela janela e perdeu o controle do carro após os policiais atingirem o pneu com um disparo.
Durante a vistoria, foram encontrados 1,5 kg de maconha escondidos próximo ao estepe.
Em depoimento à polícia, L.S.S. informou que comprou o veículo em Ponta Porã por R$ 6 mil e negou que ele tivesse sido preparado especificamente para transporte de drogas. Ele afirmou que os bancos haviam sido retirados apenas para limpeza do carro, e não para ocultar entorpecentes.
O réu contou ainda que estudou até o 7º ano, trabalha na construção civil, e que, na adolescência, cumpriu 45 dias em medida socioeducativa por tráfico de drogas. Em 2023, foi preso por receptação, mas foi liberado após pagar fiança.
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Segundo ele, receberia uma quantia pelo transporte da droga, mas negou envolvimento habitual com o tráfico ou participação em organização criminosa. O juiz o condenou a 1 ano e 8 meses de prisão, com direito de recorrer em liberdade, além de proibir que volte a dirigir.
Perfil das chamadas “mulas do tráfico”
Casos como esses são comuns em Mato Grosso do Sul, especialmente nas regiões de fronteira. As chamadas “mulas do tráfico” — pessoas recrutadas para transportar pequenas quantidades de drogas — geralmente são jovens, desempregados ou trabalhadores informais, atraídos por promessas de pagamentos rápidos e valores modestos.
Embora assumam o risco do transporte, costumam ter baixa participação na estrutura criminosa, o que leva a penas mais brandas quando comprovada a ausência de vínculo




