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SIDROLÂNDIA- MS

Sidrolândia é a 8ª colocada em captação de crédito do Pronaf em Mato Grosso do Sul

Sidrolândia ocupa apenas a 8ª posição no ranking estadual de captação de crédito, liderado por Dourados (R$ 15,3 milhões), e atrás de Ponta Porã, Nova Andradina, Glória de Dourados, Itaquiraí, Nioaque e Ivinhema.

Redação/Região News

20 de Julho de 2025 - 21:37

Sidrolândia é a 8ª colocada em captação de crédito do Pronaf em Mato Grosso do Sul
Agricultores na colheita de hortaliças. Foto: Divulgação.

Apesar de possuir uma das maiores estruturas de agricultura familiar de Mato Grosso do Sul, com 4.328 lotes da reforma agrária e 3.314 propriedades da agricultura familiar, Sidrolândia teve uma baixa adesão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na safra 2024/2025.

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Segundo relatório do Banco Central, dos R$ 217 milhões liberados no estado, apenas R$ 7,9 milhões foram contratados por produtores do município — o que representa somente 3,65% do valor total e 4% dos contratos firmados em Mato Grosso do Sul. Sidrolândia ocupa apenas a 8ª posição no ranking estadual de captação de crédito, liderado por Dourados (R$ 15,3 milhões), e atrás de Ponta Porã, Nova Andradina, Glória de Dourados, Itaquiraí, Nioaque e Ivinhema.

Sidrolândia é a 8ª colocada em captação de crédito do Pronaf em Mato Grosso do Sul

O valor contratado em 2024/2025 representa uma queda de 21,9% em relação ao ciclo anterior (2023/2024), quando foram liberados R$ 9,6 milhões por meio de 190 contratos. Em três anos (2022 a 2025), Sidrolândia captou R$ 20,9 milhões — apenas 3,14% dos R$ 667 milhões movimentados pelo Pronaf em todo o estado no período.

Exclusão do crédito e pobreza rural

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Os números contrastam com a realidade socioeconômica local. Dados do Cadastro Único (CadÚnico) mostram que 2.354 famílias vivem com renda per capita de até R$ 218 — em situação de pobreza — e outras 480 famílias estão abaixo da linha da miséria, com renda inferior a R$ 109. A maioria dessas famílias complementa a renda com programas como o Bolsa Família (716 beneficiários) e aposentadoria rural.

Sem acesso a linhas de crédito subsidiado — que oferecem juros de até 4% ao ano, carência de até 3 anos e descontos de até 40% para pagamento em dia — mais da metade dos assentados (2.293 famílias) arrendam suas terras para o plantio de soja e milho por terceiros.

Falta de assistência técnica e endividamento

O baixo índice de assistência técnica é um dos principais gargalos. Levantamento da Semadesc mostra que apenas 260 dos 3.314 agricultores familiares — menos de 8% — recebem algum tipo de orientação técnica da Agraer (que conta com apenas 20 técnicos) ou do Senar.

A maioria dos produtores está descapitalizada: 78% não têm recursos sequer para investir na adubação do solo, comprometendo a produtividade. Além disso, muitos têm pendências financeiras que os impedem de acessar novas linhas de crédito. Há relatos de agricultores que, ao não pagarem parcelas de financiamentos antigos, acabaram com o nome negativado, acumulando dívidas impagáveis. Um exemplo citado é de um assentado que tomou R$ 50 mil, deixou de pagar três parcelas de R$ 7 mil e hoje deve R$ 70 mil, com nome inscrito no SPC e Serasa.

Burocracia e demora na liberação

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Outro entrave é a burocracia. Muitos produtores relatam que, mesmo com projetos aprovados, enfrentam longos períodos de espera pela liberação dos recursos. Valdecir de Souza, do assentamento Santa Terezinha, aguardou nove meses por um financiamento de R$ 30 mil para a compra de uma pulverizadora, mas acabou adquirindo um equipamento usado com recursos próprios. Agora, aguarda a liberação de R$ 9 mil para comprar uma debulhadeira de milho.

A mãe dele, dona Rosalina de Souza, também foi selecionada para o Fomento Mulher — benefício de R$ 8 mil —, mas ainda não teve acesso ao recurso, que seria destinado à compra de materiais para irrigação da lavoura de milho.

Casos como o do produtor de leite Pedro Gidaldi, que espera R$ 50 mil para adquirir uma carreta usada no transporte de silagem, e de sua esposa, que pretende comprar duas novilhas da raça Jersey, mostram que a burocracia  tem limitado o acesso as linhas de crédito destinadas à agricultura familiar.