SIDROLÂNDIA- MS
Superlotação na Capital; falta de CTI e só um pediatra nos postos, colocaram Saúde em alerta
Segundo dados da Central de Regulação Estadual, entre os dias 14 e 24 de abril, 555 crianças foram inseridas na fila por internação.
Redação/Região News
18 de Maio de 2025 - 19:04

Mais do que a incidência de casos de doenças respiratórias (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Sidrolândia, apenas a 40ª no ranking estadual, as limitações da estrutura de atendimento pediátrico em Sidrolândia colocaram em alerta a Secretaria de Saúde que recomendou a decretação da situação emergência e o fechamento das creches por 10 dias.
Como o Hospital Elmíria Silvério Barbosa não está habilitado para o atendimento dos casos mais graves, que exijam, por exemplo, a internação das crianças no CTI, Campo Grande é a referência para os pacientes graves. No sábado havia três crianças de Sidrolândia internadas na Capital para onde são encaminhados em média três pacientes para a Capital. Os que têm planos de saúde vão para os hospitais da Cassems e da Unimed. A dificuldade maior é para quem depende do SUS.
Na sexta-feira, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul instaurou ação civil pública para investigar a superlotação na rede pública de saúde de Campo Grande após a morte de duas crianças durante o processo de regulação hospitalar por falta de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) pediátricas. De acordo com o documento, atualmente a Capital conta com 28 leitos, sendo 23 destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e 5 privados.
Na ação, o MP pede que, em até 90 dias, sejam implantados no mínimo 30 leitos de UTI pediátrica e 30 leitos clínicos pediátricos permanentes. Também solicita que o poder público providencie leitos em hospitais da rede privada ou transferência para outros estados, quando necessário, com garantia de transporte, hospedagem e alimentação para os acompanhantes. Em caso de descumprimento, requer aplicação de multa diária de R$ 100 mil.
Segundo dados da Central de Regulação Estadual, entre os dias 14 e 24 de abril, 555 crianças foram inseridas na fila por internação. Destas, 136 esperaram mais de 24 horas e 80, mais de 48 horas, sem acesso ao leito hospitalar. A promotoria anexou aos autos informações que apontam uso de suporte improvisado, como ventilação manual, em unidades da rede municipal, incluindo UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e centros regionais de saúde, onde crianças permaneceram internadas fora do ambiente hospitalar adequado.
Ambulatorial
Atualmente o atendimento ambulatorial pediátrico na rede pública é bastante restrito. Só há um pediatra que atende no Centro de Especialidades Médicas, o Dr. Maurício Anache que só voltou de férias na semana passada. Ele cumpre jornada diária de trabalho de 4 horas de segunda a sexta-feira.
No início do ano, a atual gestão fechou a Clínica da Família, onde além do dr. Maurício, as crianças eram atendidas pela dra Andreia e as quartas e sextas-feiras, vinham dois pediatras de Campo Grande. Está no planejamento da Secretaria de Saúde a criação de uma UPA infantil.
Na falta de pediatras, as crianças são atendidas pelos clínicos gerais que também consultam os adultos. Na semana passada a mãe de uma menina de 8 anos, com sintomas de gripe, teve que passar por três unidades de saúde até ser atendida. Com o compromisso de ter sua identidade, uma servidora pública relatou à reportagem a autêntica "epopéia" que enfrentou para sua filha ser atendida.
"Fui na unidade central. Lá não tinha médico que atendesse pacientes da região urbana. Só havia três pacientes residentes da zona rural esperando pela médica que atende quem mora nos assentamentos. Mesmo assim não atenderam minha filha porque ela estava com menos de 38 graus de temperatura corporal. Saí de lá e fui até o Malvinas, mas não consegui porque tinha mais de 20 pacientes na sala de espera. Teve de atravessar a cidade para conseguir atendimento no posto do Jandaia", contou.
Incidência
Conforme o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, referente a 19ª epidemiológica, Sidrolândia registrou neste ano 36 casos de Síndrome Respiratória Água (SRAG) com 4 óbitos.