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Agronegócio

Projeto de agricultura em cooperativa trava escritura de 614 assentados do Eldorado 1

Francisco nunca foi entusiasta da proposta do MST ("o projeto ficou pela metade, não houve critério na seleção das pessoas").

Redação/Região News

24 de Abril de 2023 - 07:59

Projeto de agricultura em cooperativa trava escritura de 614 assentados do Eldorado  1
Reunião com assentados do João Batista. Foto: Divulgação

A tentativa frustrada de implantar um modelo cooperativo de agricultura, estimulado pelo MST, está impedindo 614 assentados dos núcleos Che Guevara e João Batista do Eldorado I de se tornarem de fato e de direitos donos dos seus lotes , o registro dos títulos em cartório . O assentado Francisco Pereira, é um dos 395 agricultores familiares que receberam o título do Incra e tiveram a matrícula do lote negada pelo Cartório de Imóveis.

Falta o georreferenciamento com a exata localização dos 11 hectares da reserva ambiental e dos 4 hectares destinados à exploração coletiva com outros três vizinhos que também têm uma área do mesmo tamanho.

Francisco, que é do Núcleo João Batista, pagou à vista o valor da outorga fixado pelo Incra em R$ 6.683,00 e a taxa de R$ 11,80 cobrada pela Receita Federal para obtenção da matrícula. Francisco nunca foi entusiasta da proposta do MST ("o projeto ficou pela metade, não houve critério na seleção das pessoas que receberam os lotes").

Projeto de agricultura em cooperativa trava escritura de 614 assentados do Eldorado  1
Reunião com assentados do Eldorado 1. Foto: Divulgação

Ele está convencido que a distribuição dos títulos foi uma "medida eleitoreira", pelo menos no caso do Eldorado II, porque a direção do Incra sabia de o entrave legal.

Ele está convencido que a distribuição dos títulos foi uma "medida eleitoreira", pelo menos no caso do Eldorado 1, porque a direção do Incra sabia de o entrave legal para o cartório emitir a matrícula do lote.

"Sem este número não consigo, por exemplo, oferecer a área em garantia de um financiamento", explica. Francisco, ficou 5 anos acampado e esperou mais 7, junto com a mulher e as duas filhas, para receber o lote e ter a casa. A filha mais velha, hoje com 25 anos, se formou, foi pra Campo Grande, onde trabalha como professora.

A caçula, com 17 anos, está se formando técnico agrícola e planeja voltar para o lote e trabalhar na produção. O assentado hoje enfrenta problemas de saúde e se aposentou por invalidez.

O trabalho pesado fica com a mulher. A produção leiteira despencou de 150 litros por dia para 15. "Falta apoio para compra, por exemplo, de uma ensiladeira para silagem de capim cupuaçu ou milho, alimento do gado.

Não funciona

Assim como no caso do senhor Francisco, o modelo de produção não funcionou. Assim como ele o seu vizinho de assentamento, o professor Luciano, toca sozinho a parcela de 4 hectares. No caso do professor, usa a área para a produção de mel. Há também aqueles que optaram por comprar os 12 hectares de outros três vizinhos.