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Aletânia Ramires Gomes

Infância em Risco? Como o excesso de Telas afeta as emoções das Crianças e o que a Família pode fazer

Você já se perguntou como isso afeta o cérebro, as emoções e o desenvolvimento dos pequenos?

Aletânia Ramires Gomes

06 de Agosto de 2025 - 09:53

Por Psicóloga Aletânia Ramires Gomes

Infância em Risco? Como o excesso de Telas afeta as emoções das Crianças e o que a Família pode fazer
Psicóloga Aletânia Ramires Gomes

Vivemos em uma era digital em que a tecnologia se tornou parte inseparável da vida cotidiana inclusive da infância. Celulares, tablets e televisores são usados como distração, recompensa ou até companhia constante para muitas crianças. Mas você já se perguntou como isso afeta o cérebro, as emoções e o desenvolvimento dos pequenos? Com base em estudos em neurociência, psicologia do desenvolvimento e pediatria, reuni alguns pontos fundamentais para que as famílias possam compreender melhor o impacto das telas na infância e agir com consciência.

O cérebro infantil está em formação contínua, passando por intensos processos de aprendizagem e conexão entre neurônios. Diferente do cérebro adulto, ele ainda está “em obra” e cada estímulo recebido molda o desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança.

O uso excessivo de telas, com seus estímulos rápidos, sons intensos e recompensas imediatas, pode alterar o modo como a criança aprende a lidar com o tédio, a frustração, o tempo de espera e as interações sociais reais. Isso afeta diretamente regiões como o córtex pré-frontal (responsável pelo autocontrole, tomada de decisões e atenção) e o sistema límbico (ligado às emoções).

Quando a criança está imersa no mundo digital, ela vive um ambiente onde tudo acontece sob seu comando. Basta um clique para mudar de vídeo, fechar um jogo ou evitar algo que a incomoda. Isso dificulta o desenvolvimento da regulação emocional, pois a criança não aprende a lidar com frustrações, esperar sua vez ou resolver conflitos.

Cada vez mais vemos crianças com irritabilidade, agitação, desânimo ou apatia diante de situações simples da vida cotidiana. Não são "malcriadas", estão emocionalmente sobrecarregadas e sem ferramentas internas para lidar com o mundo real.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso de telas por crianças deve ser cuidadosamente regulado:

  • - De 0 a 2 anos: nenhum tempo de tela é recomendado;
  • - De 2 a 5 anos: no máximo 1 hora por dia, com supervisão e conteúdo adequado;
  • - A partir dos 6 anos: os pais devem estabelecer limites, horários e supervisionar o uso com atenção.

Estudos e diretrizes apontam que o uso exagerado de telas está associado a:

  • - Atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem;
  • - Déficits de atenção e impulsividade;
  • - Problemas de sono;
  • - Redução de empatia e dificuldades de socialização;
  • - Aumento de sintomas ansiosos e depressivos.

Alguns comportamentos podem indicar que o uso de telas está ultrapassando o limite saudável:

  • - Crises de choro ou raiva ao desligar o aparelho;
  • - Dificuldade para dormir ou acordar descansado;
  • - Falta de interesse por brincadeiras reais;
  • - Isolamento ou comportamento retraído;
  • - Atrasos no desenvolvimento da fala;
  • - Queda no desempenho escolar ou desatenção.

Esses sinais pedem atenção e escuta. Em muitos casos, pequenas mudanças na rotina e no vínculo familiar podem fazer grande diferença. A boa notícia é: sempre é tempo de cuidar. As telas não são inimigas, mas o uso precisa ser mediado, limitado e equilibrado.

Aqui vão algumas estratégias práticas:

  • - Estabeleça horários e regras com clareza e afeto;
  • - Dê o exemplo: os adultos também precisam limitar o uso;
  • - Programe momentos em família livres de tecnologia;
  • - Estimule o brincar real e o contato com a natureza;
  • - Observe e acolha as emoções da criança;
  • - Esteja presente: com olhos, ouvidos e coração.

Mais do que controlar o tempo de tela, é preciso aumentar o tempo de presença. Criança precisa de vínculo, escuta e afeto para crescer emocionalmente saudável.

Se você percebe que seu filho tem apresentado mudanças de comportamento, dificuldades emocionais ou dependência excessiva das telas, saiba que você não precisa lidar com isso sozinho.

Ofereço atendimento psicológico presencial e online, com base nos estudos mais recentes em neurociência e desenvolvimento infantil. Vamos juntos cuidar da infância com ciência, afeto e consciência. Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e Pós-graduanda em Neurociências e Comportamento (PUC/RS)

  • Atendimento presencial e on-line
  • Instagram: @aletaniaramires
  • Contato: (67) 99296-2798

Referências:

  • - Christakis, D. A. (2009). The effects of infant media usage: what do we know and what should we learn? Acta Paediatrica.
  • - Sociedade Brasileira de Pediatria (2020). Manual de Orientação – Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital. Disponível em: www.sbp.com.br