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Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Segunda, 29 de Dezembro de 2025

ECONOMIA

Cidade de MS cobra na Justiça dívida milionária de um gigante da celulose

Prefeitura de Inocência acusa a Suzano S.A., maior empresa do setor no Brasil, de não pagar R$ 1,8 milhão de ISS.

Correio do Estado

29 de Dezembro de 2025 - 10:27

Cidade de MS cobra na Justiça dívida milionária de um gigante da celulose
Terminal intermodal da Suzano em Inocência é por onde a gigante da celulose escoa sua produção de Ribas do Rio Pardo - Divulgação

A Prefeitura de Inocência, cidade distante 340 quilômetros de Campo Grande, ingressou com ação de execução fiscal na Justiça contra o gigante da celulose Suzano S.A. no dia 15. O município, localizado no Vale da Celulose, cobra R$ 1,8 milhão da maior processadora de celulose do Brasil, que mantém duas fábricas em Mato Grosso do Sul.

O valor é referente a montantes devidos pela Suzano a título de Imposto Sobre Serviços (ISS), lançados, mas não pagos pela multinacional.

Os créditos tributários exigidos pela prefeitura de Inocência se referem a lançamentos inscritos na dívida ativa em janeiro deste ano e verificados em setembro de 2024. Ao todo, são nove inscrições, com valores que variam entre R$ 57,4 mil e R$ 527 mil. A soma de todos os créditos é de R$ 1,8 milhão.

Na cidade de Inocência, a Suzano mantém um terminal intermodal e milhares de hectares de florestas de eucalipto. O terminal é utilizado para o escoamento de parte da produção da empresa em Mato Grosso do Sul, sobretudo da celulose produzida na megafábrica de Ribas do Rio Pardo, considerada a maior planta processadora de celulose do mundo em atividade.

O terminal intermodal da Suzano em Inocência está localizado a cerca de 70 km da fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo. Os milhões de toneladas de celulose produzidos pela Suzano são levados a Inocência em caminhões e, de lá, embarcados em trens rumo ao Porto de Santos (SP).

A ação de execução fiscal tramita em Campo Grande, na Vara de Execução Fiscal do Interior. Até o momento, não há decisão judicial no processo.

VALE DA CELULOSE

Sede do terminal intermodal da Suzano e cortada pela Malha Norte, da Rumo Logística, a cidade de Inocência deixou de ser conhecida apenas pela ferrovia e pela atividade agropecuária tradicional. Nos últimos anos, o município passou a ocupar posição estratégica no mapa da indústria de base florestal em Mato Grosso do Sul.

Inocência foi escolhida para receber a próxima megafábrica de celulose do Estado, empreendimento da multinacional chilena Arauco. O projeto representa um investimento estimado em R$ 4,6 bilhões e consolida o município como um dos principais polos do chamado Vale da Celulose.

A unidade industrial da Arauco, atualmente em construção, terá capacidade para produzir cerca de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano quando entrar em operação. O volume supera a produção anual da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, que atualmente gira em torno de 2,9 milhões de toneladas.

Com aproximadamente 8,7 mil habitantes, Inocência vive uma transformação econômica e demográfica impulsionada pelo empreendimento. A expectativa é de que, no próximo ano, período considerado de pico das obras, o canteiro mobilize cerca de 10 mil trabalhadores, número superior à população total do município.

INVESTIMENTO

A instalação da fábrica da Arauco consolidou Inocência como um dos principais polos do Vale da Celulose em Mato Grosso do Sul, região que vem recebendo uma sequência de investimentos bilionários do setor florestal e industrial nos últimos anos.

O projeto da multinacional chilena prevê um investimento estimado em R$ 4,6 bilhões, valor que inclui a construção da planta industrial, obras de infraestrutura, sistemas logísticos e a formação de uma ampla base florestal no entorno do município.

Trata-se de um dos maiores aportes privados já anunciados para uma cidade de pequeno porte no Estado. Até mesmo uma ferrovia está sendo construída. Ela vai ligar a fábrica da Arauco à Malha Norte e terá aproximadamente 40 km de extensão.

Com a chegada da Arauco, Inocência passou a conviver com uma pressão crescente sobre serviços públicos, mercado imobiliário e infraestrutura urbana, fenômeno já observado anteriormente em municípios como Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, que também se tornaram sedes de grandes projetos do setor de celulose.

Além da geração de empregos diretos e indiretos durante a fase de obras, a expectativa é de que a fábrica provoque impactos permanentes na arrecadação municipal, no crescimento populacional e na dinâmica econômica regional, reforçando o protagonismo de Inocência em um corredor estratégico que envolve produção florestal, indústria pesada e logística ferroviária.