Esporte
Cielo elogia nova gestão da CBDA, mas alerta: Natação do país está diminuindo
Campeão olímpico de 2008 e prata no Mundial de Budapeste, em julho, Cielo crê que CBDA está em um bom caminho, mas ainda está reticente: "Natação tem que ser mais profissional"
Globo Esporte
29 de Setembro de 2017 - 08:51
O principal nadador da história brasileira, Cesar Cielo, de 30 anos, ainda está preocupado com o futuro da modalidade no país. Há alguns meses, a chapa de oposição, que contou com o apoio dele, ganhou a eleição e assumiu o comando da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), depois de quase 30 anos com Coaracy Nunes na presidência. O campeão olímpico dos 50m livre em Pequim 2008 elogiou a nova gestão, mas ainda vê muitos defeitos na modalidade:
- A gente está mal de estrutura. A natação se encontra em situação bem difícil, a natação do país vem diminuindo em todas as formas. Desde número de alunos, de atletas e até de clubes. O interior de São Paulo, por exemplo, tem pouquíssimas equipes vivas. Espero que a nova gestão entenda a dificuldade disso tudo, precisamos de uma política e gestão nova. Mas estamos felizes pela nova gestão, isso é unânime entre os atletas - disse, em entrevista realizada na quinta-feira, em São Paulo.
Os últimos 15 meses da natação brasileira foram uma montanha russa. Na Olimpíada do Rio, o Brasil saiu sem medalha na piscina, meses depois a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) viu seu principal patrocinador diminuir os recursos drasticamente. No início deste ano, quatro dirigentes, inclusive o presidente da entidade por quase 30 anos, Coaracy Nunes, foram presos (já estão soltos).
Aí, desde maio, as águas começaram a ficar mais calmas. Os nadadores foram bem no Maria Lenk e a seleção foi forte para o Mundial. Na Hungria, os atletas conquistaram oito medalhas, cinco nas piscinas e três nas águas abertas, segunda melhor campanha da história. Nas eleições, a chapa de oposição, com Miguel Cagnoni, venceu, mas a FINA (Federação Internacional de Natação) ainda não protocolou o resultado.
- Estou sentindo que estamos em um ano difícil, está tudo indefinido. Ao mesmo tempo que colocamos a chapa de oposição, quase todas as ações ainda são da gestão anterior. Estamos vendo algumas ações boas, mas ainda não nos beneficiaram diretamente. Está sendo um pouco difícil com relação a isso. Vamos ter que esperar até o ano que vem. Mas, sem dúvida, estamos felizes pela nova gestão - disse.
Cesar Cielo ficou fora da Olimpíada do Rio de Janeiro, passou nove meses sem treinar, mas voltou às piscinas em fevereiro deste ano, disputou o primeiro torneio em março, conseguiu índice para o Mundial durante o Maria Lenk, em maio. Na Hungria, foi finalista dos 50m livre, ficou em oitavo, e ajudou a equipe a levar a prata no revezamento 4x100m livre. Ele diz que as competições nacionais têm que ter mais dinâmicas:
- Vamos fazer a competição se pagar, não tem cabimento uma competição dar prejuízo. Hoje, basicamente, se os clubes decidem fechar as portas, a natação ficaria de escanteio. Temos a consciência que o momento é difícil, de regressão. Temos que aumentar a base. Tem que crescer o número de atletas da base, e ver uma natação um pouco mais profissional - disse.
A próxima competição de
Cielo é o Open, terceiro torneio mais importante do país, que será em dezembro.
No ano que vem, as atenções estarão voltadas para o Mundial em piscina curta,
no qual Cielo já tem dez medalhas.




