Policial
Exonerada chefe da Ciretran presa na operação Holambra
Ana Paula ficou presa só dois dias porque aceitou colaborar com as investigações
Marcos Tomé/Flávio Paes
08 de Novembro de 2011 - 09:12

A direção do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) exonerou a chefe da Ciretran de Sidrolândia, Ana Paula Ferreira de Oliveira, que foi presa no último dia 24 de outubro, dentro da Operação Holambra desenvolvida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para desmantelar uma quadrilha que contrabandeava produtos do Paraguai com a convivência de policias militares que cobravam propina para liberar a passagem das cargas pela MS-060.
Ela ficou presa só dois dias porque aceitou colaborar com as investigações. Ana revelou aos promotores tudo o que sabia sobre o esquema de corrupção na cidade envolvendo policiais e contrabandistas. No depoimento que prestou aos promotores do GAECO ainda na tarde daquela segunda-feira, dia 24 de outubro, Ana admitiu que chegou a receber R$ 500,00 como gratificação por ter liberado uma caminhonete Blazer retida na Ciretran.
Ela garante que devolveu o dinheiro ao constatar que não havia base legal para manter a caminhonete apreendida. A propina teria sido paga pelo cabo Vanilson Nogueira da Costa. Conforme a denuncia do GAECO, o cabo é um dos oito policiais militares que atuavam na cidade, implicados no esquema de corrupção para facilitação do contrabando.
O intermediário da negociação, que também foi preso na operação, foi o guarda da Ciretran, Reginaldo de Oliveira Antunes, o Bugão. Pelo que se apurou, Bugão fazia a ponte entre policiais corruptos e os contrabandistas. Encarregava-se de negociar o valor e de receber a propina.
Também usava da sua condição de vigia da Ciretran e do relacionamento que tinha com a diretora da repartição para garantir a liberação de veículos pertencentes a integrantes do esquema retidos por problemas de documentação. Numa das gravações ele pede a regularização de um carro comprado num leilão em São Paulo, que seria de uma pessoa que identificada apenas pelo primeiro nome, Jedilson.
A agora ex-chefe da Ciretran admitiu que viajou para o Paraguai (em companhia de um primo) onde comprou quatro pneus novos para o carro. Na ocasião teria ligado para o policial Fábio Wolffmeis (apontado como participante do esquema e que atua na Polícia Rodoviária Estadual) informando da sua viagem.
Fábio teria se tranquilizado porque justamente naquele dia estaria de plantão na barreira. Por coincidência, Ana Paula, não teve problemas ao passar pela fiscalização no seu retorno a Sidrolândia. Com base nas gravações de ligações telefônicas dos suspeitos de participação no esquema (grampeadas com autorização judicial), o Ministério Público acusou Ana Paula de uma série de crimes (tráfico de drogas, contrabando, corrupção).
A denúncia convenceu o juiz da auditoria militar, Aldo Ferreira da Silva Júnior, a decretar sua prisão temporária por 30 dias. O próprio magistrado revogou a decisão e com isto a funcionária do Detran foi colocada em liberdade no último dia 26 de outubro.




