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Policial

Justiça ainda não decidiu em conceder liberdade para o chamado "Maníaco da Cruz"

Correio do Estado

08 de Outubro de 2011 - 07:20

O jovem conhecido como "Maníaco da Cruz", em razão de ter assassinado três mulheres em 2008 na cidade de Rio Brilhante e por tê-las colocado em posição de cruz, continua preso, mesmo vencendo hoje o prazo para sua soltura.

À época dos crimes, o jovem estava com 16 anos e está recolhido desde então na Unidade Educacional de Internação (Unei). Ele confessou os crimes e foi submetido a três anos de internação – tempo máximo de pena para o adolescente infrator, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente reuniu-se nesta semana e vai defender que o jovem continue sob a custódia do poder público, mesmo ele estando apto a voltar a ganhar a liberdade. "O que nós defendemos é sua internação em um manicômio judiciário. Mas, como não há uma instituição como esta em Mato Grosso do Sul, nós estamos pedindo que ele seja transferido para um manicômio em outro estado do país", defendeu o presidente do conselho, Rodrigo Lopes. A decisão do conselho, em pedir a continuidade da reclusão do jovem, não foi unânime.

A juíza responsável pela comarca de Ponta Porã, Larissa Castilho, e responsável por decidir o destino do jovem, entrou em férias ontem. Por telefone, ela disse que nenhuma informação sobre o caso será transmitida à imprensa. No entanto, as informações dão conta de que o adolescente não será solto hoje e que a juíza aguarda laudos médicos para tomar a decisão sobre o destino do rapaz.

Comissão criada

Uma comissão de integrantes do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente foi criada para acompanhar o caso. Ofícios com pedidos de análise mais criteriosa sobre a soltura do "Maníaco da Cruz" foram encaminhados nesta quinta-feira para órgãos como o Ministério Público Estadual, Secretaria de Justiça e de Segurança Pública do Estado, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana no Estado. "Na próxima semana devemos receber as respostas dos ofícios. A intenção é colocar todos cientes da situação de risco para a sociedade, e para a vida do próprio jovem, se ele realmente for libertado", continua o presidente do conselho.

O caso

Os laudos médicos podem atestar sanidade mental do jovem que matou três e liberou uma das vítimas. Todas eram jovens e do sexo feminino e foram marcadas para morrer porque foram consideradas impuras pelo "maníaco". Elas eram mortas a facadas e colocadas na posição de cruz, num gesto de redenção de suas almas ao céu.

A polícia não demorou muito tempo para apreender o autor dos assassinatos, que confessou os crimes.

Hoje o questionamento é sobre a capacidade mental do jovem, que está com 18 anos, em voltar a conviver em sociedade. Laudos médicos podem detalhar características da personalidade do rapaz, mas não podem antecipar suas ações – apenas prever hipóteses.

Uma das informações que sustenta o pedido para a não soltura do jovem é a de que ele teria admitido para pessoas na própria Unei que se ele tiver de matar alguém, não hesitará. A fonte que passou a informação sobre o comportamento do "maníaco" na unidade de internação também diz que ele não se arrepende dos assassinatos que cometeu.