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Política

Aécio enfrenta rebelião no DEM, que ameaça lançar candidato próprio à presidência

Em Alagoas, por exemplo, o PSDB ensaia romper o acordo de apoiar a candidatura do vice-governador José Thomaz Nonô

Terra

09 de Novembro de 2013 - 07:16

Enquanto ainda tentar costurar apoio com o Partido Progressista (PP) e o Solidariedade (SDD), na tentativa de trazê-los para a candidatura de oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) enfrenta agora uma rebelião dentro do Democratas (DEM), único partido dado como certo até agora na composição da aliança visando a candidatura tucana à presidência da República em 2014.

As divergências acontecem na formação dos palanques onde o DEM enfrenta resistências do PSDB em estados estratégicos para a legenda, como Alagoas, Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo.

Em Alagoas, por exemplo, o PSDB ensaia romper o acordo de apoiar a candidatura do vice-governador José Thomaz Nonô.  Pelo acordo, o atual governador Teotônio Villela Filho, que não pode mais se reeleger, deixaria o cargo já em abril para que o vice assuma e prepare o caminho para 2014. Villela seria candidato ao Senado na mesma chapa.

Contudo, dado o cenário de chances reais do atual governador fazer seu sucessor, o PSDB alagoano ensaia uma tentativa de lançar candidato próprio. Na avaliação da executiva nacional do DEM, Alagoas é o Estado onde a legenda tem reais chances de fazer um governador, já que os atuais índices de popularidade de Rosalba Ciarlini, governadora do Rio Grande do Norte, não inspiram segurança numa possível reeleição.

Outro ponto de divergência está no Rio de Janeiro, onde o Democratas já lançou a candidatura do vereador César Maia e ouviu do PSDB, aliado histórico do partido no estado, que neste ano os tucanos devem ter candidato próprio, independentemente do técnico Bernardinho aceitar ou não a indicação de Aécio.

“O DEM não tem alinhamento automático com o PSDB. Há um acordo de reciprocidade que só é cumprido do nosso lado. Se a convenção nacional do DEM fosse hoje, o apoio ao Aécio não seria aprovado”, diz o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Em São Paulo o DEM também revela mágoa do PSDB, que negocia o vice na chapa de Geraldo Alckmin à reeleição direto com o PSB de Eduardo Campos, deixando a legenda de lado nas discussões. “Gerou uma enorme perplexidade no DEM a notícia de que o Alckmin prefere negociar com um adversário nacional a vice, em detrimento a nós, que sempre demos apoio a ele.  É um sinal claro do distanciamento. E o DEM precisa cuidar de seus próprios interesses”, revela Maia.

Balão de ensaio

Para não tomar chapéu na hora da reta final da formação de palanques estaduais, o DEM já colocou na rua a candidatura presidencial do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). A ideia foi do próprio Caiado, que alardeia pelos quatro cantos do Congresso Nacional que é sim candidato à presidência, na tentativa de pressionar os tucanos na composição dos quadros estaduais.

O próprio Caiado enfrenta uma briga sem precedentes contra o governador Marconi Perillo (PSDB), em Goiás. Os dois são tratados como inimigos. A briga resultou na saída de dois deputados estaduais do DEM, que migraram para o PSDB.

Hoje a bancada do Democratas na Assembleia Legislativa de Goiás é composta de apenas um parlamentar. O próprio vice-governador goiano, José Eliton Júnior, que era do DEM, migrou para o PP goiano, em virtude da briga fratricida entre Marconi e Caiado.

“A decisão que saiu do último encontro da executiva nacional é que o DEM tem que fortalecer as suas bancadas. Seja no nacional, seja nos Estados. A onda de criação de partidos enfraqueceu muito a legenda. Hoje a única forma de voltarmos a ser um partido forte é a candidatura própria, caso o PSDB insista em querer sempre levar a melhor”, aponta Cláudio Cajado, deputado federal pelo DEM-BA.

“Não podemos ficar a reboque do PSDB. Se o principal jogo deles hoje é pela presidência, eles precisam fazer muito mais concessões do que hoje estão fazendo”, ameaça o baiano.

O deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) endossa o coro dos descontentes com a aliança e diz que os tucanos não estão dispensando o tratamento que os Democratas tem direito. "É consenso no partido que nós temos um eleitorado conservador identificado com os nossos ideais.

Há um descontentamento real com os tucanos desde 2010, quando percebemos que não estávamos mais sendo tratados como parceiros preferenciais. Essa crise se acentuou na eleições de 2012, quando o PSDB pulou fora de última hora em capitais como Macapá, Rio de Janeiro e Recife, embarcando em candidaturas próprias fracassadas", declara o paraibano.

Para Efraim Filho, as divergências acontecem na falta de entrosamento do próprio PSDB. "Eles precisam decidir se a prioridade é a construção de uma aliança nacional ou não. Nas conversas o Aécio sinaliza para um lado, nos estados a conversa é diferente", diz ele.

Bandeira da paz

Colocando panos quentes na crise, o senador Agripino Maia (DEM-RN), presidente nacional do Democratas, diz que o PSDB é o partido que o DEM tem mais “pontos de convergência” no atual cenário. “Há divergências nesses estados, mas há muito mais pontos de convergência com o PSDB, como em Minas, Tocantis e Bahia”, rebate.

Agripino diz acreditar na manutenção do acordo firmado em Alagoas e na manutenção na aliança com o PSDB em São Paulo. “Não é oficial que o governador de São Paulo negocia a vice com o PSB. O PSDB sabe que o DEM gostaria de ocupar a vice. As conversas tem sinalizado para isso e confio na palavra empenhada”, declara Agripino.