Política
Empresários e grandes produtores montam força-tarefa para ajudar PSDB
Muitos cederam gratuitamente caminhões e máquinas para o mutirão da limpeza, bancando também o combustível e os funcionários.
Flávio Paes/Região News
30 de Janeiro de 2013 - 22:12
Foto: Emmileny Monteiro/Região News
Candidato tucano durante inauguração de comitê político
Os maiores empresários de Sidrolândia (do comércio e do setor agropecuário) montaram uma força-tarefa para tentar garantir a vitória do candidato do PSDB à Prefeitura, embora o agricultor Ari Basso, não precise de patrocinadores de campanha já que é como dono de um patrimônio milionário, declarado a Justiça Eleitoral, dispensa financiadores do seu projeto político.
Os simpatizantes estão saindo a campo para assediar lideranças que apoiaram a campanha de Acelino Cristaldo na eleição de outubro. Ousados, prometem cargos, secretarias e oportunidades de negócio, além de parcerias numa eventual gestão tucana. Cobram em troca, neutralidade eleitoral, de preferência, garantida por viagem (financiada) dos possíveis cooptados para ficarem longe da cidade até 4 de março.
O empresariado também está respaldando a administração interina do presidente da Câmara, Ilson Peres (PSDB). Muitos cederam gratuitamente caminhões e máquinas para o mutirão da limpeza, bancando também o combustível e os funcionários. Devem custear pelo menos 50% das despesas com carnaval, festa orçada em mais de R$ 100 mil.
No grupo de voluntários estão empresários como Maikon Marcon Dalla Santa que cedeu uma pá-carregadeira. A empresa M.M.J participa do mutirão com uma mini carregadeira; três caminhões basculantes estão à disposição, oferecidos pela Nutrilândia , Agro Shopping (do empresário Dalto Pavei) e o terceiro de Claudio Dalla Santa, além de caçambas estacionárias da Negrimaq Comércio de Máquinas.
O voluntariado filantrópico empresarial, além da afinidade ideológica com os tucanos, está sendo interpretado nos meios políticos como um investimento. O retorno, naturalmente, está condicionado à vitória de Ari Basso que tornaria possível a obtenção de contratos para prestação de serviços, locação de equipamentos e realização de obras da administração municipal.
Nesta história ninguém está agindo por caridade. A fatura desta generosidade será apresentada a partir de 4 de março, caso o candidato do PSDB seja eleito prefeito e quem vai pagar é o contribuinte sidrolandense, comenta o vereador David Moura de Olindo (PR). Ele Lembrou ainda que a prefeitura tem para 2013 um orçamento de R$ 118 milhões.
O vereador argumenta que entre os participantes dessa força-tarefa, poucos (ou quase nenhum) já demonstraram em alguma oportunidade disponibilidade para praticar caridade, nem mesmo quando se trata de financiar causas justas e acima de qualquer suspeita, como são as do Hospital Elmiria Silvério Barbosa e a Comitiva dos Amigos, por exemplo, que desenvolvem ações sociais estratégicas.
Estes empresários, que agora estão engajados num voluntariado para livrar a cidade da dengue, normalmente se mantêm longe destas entidades que têm dificuldades até para atrair quem queira participar das suas diretorias. Só o dinheiro que os empresários devem gastar para garantir o carnaval tucano na praça central, cerca de R$ 90 mil, supera o orçamento anual da Comitiva dos Amigos.
Em 2012 a ONG (Organização Não-Governamental), graças ao empenho de 60 voluntários, conseguiu levantar R$ 82 mil, com suas promoções. Os recursos custeiam um serviço de assistência social essencial para 120 pacientes de câncer, pessoas carentes, que ganham no máximo um salário mínimo.
A ONG os ajuda fornecendo cestas básicas, custeando exames, pagando a passagem de ônibus e fornecendo a gasolina para que possam fazer o tratamento em Campo Grande. Este dinheiro da folia, que corresponde a aproximadamente 1.800 sacas de soja (na base de R$ 50,00 a saca), com mais R$ 90 mil, permitiria ao Hospital Elmiria Silvério Barbosa, por exemplo, adquirir um equipamento de radiografia.
O antigo está quebrado e obsoleto. Hoje o hospital se vale de um equipamento usado locado pela Prefeitura. Com R$ 1,2 milhão, o hospital teria uma reforma completa, com novo centro cirúrgico, além da construção da maternidade e da ala pediátrica.
Emergência
Coincidindo com que este súbito furor filantrópico do empresariado tucano, o prefeito interino abriu uma janela de oportunidade para prestigiar empresários parceiros. Ilson Peres decretou situação de emergência administrativa, que o dispensou das amarras formais e burocráticas da licitação.
Numa canetada só Ilson Peres assegurou R$ 730 mil em contratos que atenderam financiadores e simpatizantes históricos de campanhas tucanas. As conexões político-empresariais também foram determinantes na escolha dos fornecedores de gêneros alimentícios e material de expediente para a prefeitura.
Para este fim foram firmados contratos (sem licitação) no valor de R$ 35.258,11. São três empresas beneficiadas, duas de aliados explícitos do ex-prefeito Enelvo Felini: o Nutri Shopping Ltda, do empresário Dalto Pavei e o Supermercado Sidrolândia, do ex-vereador Gilmar Santi, que em 2008 deixou o PDT porque o partido negou apoio à candidatura a prefeito de Felini.
Para o serviço de tapa-buraco a Prefeitura comprou R$ 15 mil em emulsão asfáltica da empresa Greca Distribuidora de Asfalto Ltda. Outro contrato fechado pela Prefeitura foi no valor de R$ 143.049,70 para compra de medicamentos e equipamentos hospitalares. Foram beneficiadas as empresas Cirumed Comércio Ltda, Transmed Distribuidora de Medicamentos Hospitalares Ltda e Decom Comércio de Equipamentos e produtos Odontológicos Médicos Hospitalares Ltda.