Política
Pollon e Soraya se atacam após crítica da senadora à esposa de Bolsonaro
O Jacaré
29 de Novembro de 2025 - 09:56

A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, é o motivo da mais nova prévia de 2026, na política de Mato Grosso do Sul. Desafetos, por conta de visões políticas absolutamente distintas, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) trocaram farpas pela Internet, acirrando assim uma rivalidade dos dois, com comentários bem ácidos direcionado a ambos. Do tipo de “treta”, que não terá recuos e pode até desencadear “rounds” na Justiça, em razão de ofensa pessoal declarada.
E o gatilho para a calorosa briga recente, nada teve a ver com algum assunto de interesse ao desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, ou do Brasil. Nem também, com uma possível disputa por espaço nas próximas eleições, já que Pollon e Soraya certamente não vão concorrer ao mesmo cargo. A questão em jogo, foi quanto identidade e a resposta a um ataque frontal, da ex-aliada de Jair Bolsonaro, a uma figura que o parlamentar armamentista tem como uma de suas referências na política.
Sobre a primeira visita na prisão, de Michelle Bolsonaro ao ex-presidente, Soraya criticou publicamente o tempo de permanência, além de tratar seu indutor de votos em 2018, com o apelido dado pela esquerda. “Podendo ficar com o marido por duas horas, ela permaneceu por 40 minutos durante a primeira e única visita. Isso, só para mostrar como ela ama o Bozo”, citou em provocação que, curiosamente, veio na sequência da reprovação da Presidente Nacional do PL Mulher a outra fala da senadora.
Em 13 de novembro, nove dias antes da detenção em regime fechado do marido, Michelle já tinha chamado a parlamentar por Mato Grosso do Sul de “surfista”, devido a um pedido dela ao procurador-geral da República, para que sejam também investigados os advogados do processo que investiga a suposta trama de golpe, bem como o episódio do 8 de janeiro. Posicionamento que, no entanto, gerou mais um engajamento para a “rival de ocasião”, já que a ex-primeira dama possui um alcance de público maior até 16 vezes, considerando os perfis de redes sociais.
Se não bastasse, o conflito rendeu até outro “plus” para a senadora, na manifestação de Marcos Pollon quanto a Soraya tripudiar Michelle, no momento mais delicado de Bolsonaro. Outro, com muito mais holofote na web, tendo nesse tipo de meio, a sua principal ferramenta de mandato, o deputado federal escolheu comprar a briga, em virtude da sua ligação com a ex-primeira-dama do Brasil e Eduardo Bolsonaro, amigo e mentor na política.
“Você, Dona Soraya Thronicke, que se diz onça, é oncira. Pensa que é onça, mas é oncira. Pensa que é onça, mas é traíra. Agora, acena para a esquerda, tentando criar uma polaridade que você não tem condição de criar, porque não produz nada, a não ser ofensa, sabendo que nenhuma pessoa decente do Estado tem coragem de te dar um voto. É lamentável o ponto que você chegou. Pegar uma mulher fragilizada como a dona Michele, na atual circunstância para poder fazer chacota na internet, mendigando like, porque sabe que não tem trabalho, entrega e não faz outra coisa a não ser envergonhar nosso Estado”, disse Pollon em vídeo no seu Instagram, que posteriormente foi devolvido com uma réplica um tanto apelativa pela Senadora.
“Guerra? Claro que não! Seria muita covardia da minha parte. Ele já externou que está com sérios problemas mentais, não entende o que faz no plenário da Câmara dos Deputados. Nega recursos para o nosso estado somente porque uma parte foi destinada à causa humanitária dos indígenas (saneamento, água, saúde…), não sabe interpretar textos e ainda por cima anda armado, com todo esse quadro mental confessado”, cutucou a advogada, eleita em 2018, com a preferência de 372.712 votos, sendo a grande surpresa do pleito graças a Jair Bolsonaro.
Quatro anos mais tarde, foi a vez do jurista Marcos Pollon, que assim como Soraya, também foi professor universitário (e esteve em movimentos de rua por mudanças no país), para ser o fenômeno eleitoral que causou “susto nas urnas”. Escolha de 103.111 votos, o deputado federal repetiu o feito da senadora de provar que Bolsonaro elege em Mato Grosso do Sul, sem precisar de grandes orçamentos para isso. Entretanto, mesmo com as controvérsias do “Mito”, em um Brasil absolutamente polarizado, a fidelidade é algo dissocia bem os dois, muito mais que o dérbi ideológico entre o Lulismo e o Bolsonarismo.
Soraya foi um dos desembarques da base de apoio do ex-presidente, chegou a se candidatar para o Palácio do Planalto em 2022 e hoje guarda proximidade com Luiz Inácio Lula da Silva. Já Pollon mais pragmático a causas que abraçou na função pública escolheu se manter leal a Bolsonaro, apesar das esquisitices que envolvem os desígnios do Partido Liberal no Estado.
Outra coincidência da dupla é que no início da evidência, Reinaldo Azambuja foi o grande oponente, realidade que já foi alterada para a senadora, que completa o seu mandato em 2026.
Resta saber, no tempo, quanto Soraya conseguirá ainda mexer com os nervos da direita mais ligada ao bolsonarismo, lembrando que ela foi, inclusive, a afronta que determinou o ex-presidente pedir voto em cadeia nacional ao candidato Capitão Contar, vencedor do 1º turno das eleições pelo Governo do Estado, em 2022. Nome pelo qual, Pollon apresentou, discretamente, mais simpatia frente a disputa, do capitão do Exército com o “então secretário”, Eduardo Riedel.
Seria Pollon, a alavanca para Soraya encontrar uma forma de ressuscitar as suas chances remotas de alguma vitória no próximo ano? Uma vez que, aumentando as suas menções na Internet, a senadora poderia assim ganhar maior espaço para fazer política? A questão é que, entre a reatividade e o silêncio, a lide, indefectivelmente estará referendada de estratégia nos seus próximos capítulos, por conta do espetáculo na vida pública que eles representam.




