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Sidrolândia

Madrinha diz que professor morreu à espera de antibióticos

Madrinha do professor Mauro Martinez Guimarães, 36 anos, revela que ele morreu após 10 dias de espera por um antibiótico.

Flávio Paes/Região News

10 de Maio de 2021 - 16:20

Madrinha diz que professor morreu à espera de antibióticos
Mauro ao lado dos pais Hermelinda e Maurício. Professores, pai morreu dia 27 de abril e filho 7 de maio. (Foto: Arquivo Pessoal)

A madrinha do professor Mauro Martinez Guimarães, 36 anos, que semana passada a perdeu a luta contra o Covid-19, revela que ele morreu após 10 dias de espera por um antibiótico em falta no mercado receitado pela médica.

A artesã Lígia Cintra Soloaga, de 58 anos, junto com família se empenhou para tentar conseguir o medicamento que era uma esperança para salvar o afilhado. Mauro, professor de Língua Portuguesa na escola do Assentamento João Batista, morreu no Hospital Regional em Campo Grande, um dia depois que o remédio chegou e 10 dias após a morte do pai, também de covid-19.

Intubado no Regional, Mauro precisou da Polimixina, um antibiótico que também tem sido usado para combater infecções decorrentes da covid-19 e que está em falta no hospital e em todo País. Quando a família foi informada da necessidade, no dia 23 de abril, passou a correr atrás. "Movemos mundos e fundos, conseguimos do Pará, mas chegou e ele faleceu. A gente não conseguiu encontrar antes", lamenta a madrinha do professor.

A família passou a pedir Polimixina para todos os hospitais possíveis. "Quando encontramos, lá no hospital tal tem, mas só vende para hospital. Eu ligava no Regional e explicava, vocês que têm que fazer o pedido e era sempre uma desculpa, a gente só conseguiu depois de eu pedir clemência", completa.

O pedido da médica foi feito no dia 23 de abril, mas a família só conseguiu ter o remédio no dia 6 de maio, vindo do Pará. A medicação que custou cerca de R$ 7 mil reais chega a ser comercializada por R$ 15 mil no Paraná e em alguns casos, a venda é bem suspeita. "Sem nota, sem nada, o que parece desvio de medicação", acredita Lígia.

Com o remédio em mãos, junto da embalagem e da nota, a família entregou ao hospital. Mauro foi para a casa dos pais, também professores, em Ribas do Rio Pardo, depois de extrair um dente. Infectados lá com a covid-19, todos vieram transferidos para internação hospitalar em Campo Grande.

Por falta de vagas, cada um foi para uma UTI. O pai Maurício Soares Magalhães, de 64 anos, foi para a Santa Casa e a mãe Hermelinda Martinez Magalhães, de 62, para o Hospital da Cassems, ambos transferidos no dia 9 de abril. Mauro para o Hospital Regional no dia 11, um domingo.