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Agronegócio

Saca de milho a R$ 40, prejuízos podem passar de R$ 4 BI

Desvalorização do cereal foi de 52,5% em dois anos, já o custo para produzir aumentou 57,8% no período.

Correio do Estado

06 de Julho de 2023 - 10:15

Saca de milho a R$ 40, prejuízos podem passar de R$ 4 BI
Foto: Marcelo Victor

A saca de milho com 60 kg teve uma desvalorização de 52,59% em dois anos. Em julho de 2021, o cereal era negociado a R$ 84,38, já nesta semana o preço pago é de R$ 40. No mesmo período, o custo para produzir saltou 57,8%, saindo de R$ 3.311 por hectare plantado para R$ 5.228.

Considerando a estimativa do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS) de que Mato Grosso do Sul produzirá 80 sacas por hectare neste ciclo, se essas 80 sacas forem comercializadas a R$ 40, serão pagos por hectare R$ 3,2 mil.

Com o custo de R$ 5,2 mil por hectare na hora de implantar a cultura, o produtor rural acumulará um prejuízo de R$ 2 mil, em média, por cada hectare plantado.

Transportando o mesmo cálculo para o total estimado de 2,3 milhões de hectares semeados nesta segunda safra, o prejuízo aos produtores pode chegar a R$ 4,6 bilhões na 2ª safra de milho 2022/2023.

Conforme a análise do custo de produção do milho, divulgado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), o produtor teve despesa de R$ 5.228,07 por hectare, isso considerando o milho como segunda safra.

Ainda segundo o relatório da entidade, se considerados os custos fixos, as variáveis e os operacionais, sem a amortização da safra de soja, o valor para implantar a lavoura chega a R$ 7.841,63 por hectare.

No custeio da lavoura há, ainda, gastos com operações com máquinas e implementos, semente de milho, tratamento de semente, semente de cobertura, corretivo de solo, fertilizantes, fungicida, herbicida, inseticida, inoculantes, adjuvante. Não foram incluídos outros custos variáveis nesta conta.

O cenário tem preocupado produtores e especialistas do setor, que relatam até um certo desespero. Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, em coletiva de imprensa desta terça-feira, realizada na Aprosoja Brasil, Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, destacou o pessimismo.

O principal motivo da preocupação é justamente esse alto custo de produção em comparação com o preço da saca vendida pelo produtor.

“Estamos vivendo um momento de desespero, imagine que você está em um avião caindo e com as máscaras de oxigênio caindo, estamos nesse cenário aí”, disse o pesquisador durante a coletiva. 
A Aprosoja-MS pondera que o faturamento é algo muito individual.

“É o planejamento individual de cada produtor que define a rentabilidade da safra, uma vez que o custo também é diluído na safra de soja”, informou em nota.