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Política

Petistas acusam Azeredo de renunciar para preservar campanha de Aécio

Questionado sobre a influência da renúncia na campanha do PSDB à Presidência, Aécio disse apenas que não vê interferência.

Folha.com

20 de Fevereiro de 2014 - 09:45

Líderes do PT afirmaram nesta quarta-feira que o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) renunciou ao mandato na Câmara com o objetivo de preservar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República.

Como o PSDB teme que o tema mensalão tucano traga danos à campanha de Aécio, os petistas consideram que a renúncia foi orquestrada nos bastidores pela cúpula do partido.

"A renúncia do deputado é uma manobra para evitar que o Supremo Tribunal Federal se posicione e para tirar o foco do PSDB, partido responsável pelo esquema de corrupção em Minas", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Irmão de um dos condenados do mensalão do PT, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou que os tucanos estão "crucificando" Azeredo para preservar Aécio. "Era fundamental garantir a ele a justiça que foi negada ao PT", afirmou. Guimarães é irmão do ex-deputado José Genoino (PT-SP), que cumpre prisão domiciliar após a condenação do Supremo.

Costa disse esperar que o STF atue com o "mesmo rigor" no julgamento do mensalão tucano como agiu ao analisar o mensalão petista. "Queremos que não haja no Brasil dois pesos e duas medidas", disse o senador.

Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) afirmou que o PT foi vítima de um "sangramento" diferente do vivenciado pelo PSDB no mensalão tucano. "Com a renúncia do deputado Azeredo, o processo sai do STF e prescreve por ele estar perto de 70 anos. O PT paga essa conta com juros e correção monetária", afirmou.

DEFESA

Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que a renúncia de Azeredo é de "foro íntimo" e que o tucano não foi abandonado pelo partido. "Eu respeito a decisão dele, mas a decisão é dele, não partidária. Nós respeitamos a decisão da Justiça. O Azeredo é um homem honrado, mas cabe à Justiça decidir", afirmou.

Presidente do PSDB, Aécio afirmou que a decisão de Azeredo é de "foro íntimo" e não vai interferir em sua campanha eleitoral à Presidência da República. "Ele agora vai se dedicar à sua defesa. Ele é conhecido e reconhecido em Minas Gerais como um homem de bem" afirmou Aécio.

O tucano negou que Azeredo tenha sido pressionado pela cúpula do PSDB a renunciar ao mandato para evitar que as denúncias do mensalão tucano respinguem em sua campanha presidencial. "Que eu saiba, não [houve pressão do PSDB]", afirmou.

Questionado sobre a influência da renúncia na campanha do PSDB à Presidência, Aécio disse apenas que não vê interferência.

Mesmo com a negativa, aliados de Aécio atuavam nos bastidores para tentar evitar que o caso respingasse na sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. A cúpula do PSDB avalia que, com Azeredo na Câmara, o tema mensalão tucano será recorrente em discursos e em entrevistas do tucano –por isso o pressionavam para se afastar da vida pública.

Ex-presidente do PSDB, Azeredo teve sua prisão sugerida pela Procuradoria-Geral da República no último dia 7 sob a acusação de liderar esquema de desvio de recursos de estatais mineiras para sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998.

Desde que a posição do Ministério Público veio a público, tucanos têm dito que Azeredo sofreu forte abalo, tendo se licenciado da Câmara sob o argumento de que estava passando por crises de pressão alta.

Aliados também consideram que a renúncia pode ser uma manobra para tentar levar o caso para a primeira instância da Justiça de Minas, depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) impôs penas duras aos petistas condenados no mensalão.