Com hospitais da Capital superlotados, pacientes de Sidrolândia ficam internados a quase 400 km de casa

Em meio a um surto de doenças respiratórias, combinada com a superlotação dos hospitais em Campo Grande, os pacientes de Sidrolândia em estado grave precisam viajar de ambulância até quase 400 quilômetros para serem internados num leito de UTI. A regulação tem usado como alternativa de internação, hospitais de Três Lagoas, Ponta Porã, Coxim e Costa Rica. Neste domingo haviam seis pacientes internados na cidade com quadro de doença respiratória.

Um desses pacientes, o servidor público Marcelo de Oliveira Santana, com um quadro de trombose, complicação decorrente da diabete, na sexta-feira foi levado para ser internado no Hospital de Coxim, a 343 quilômetros de Sidrolândia. Marcelo acabou morrendo na manhã deste sábado. Seu corpo foi translado de volta à cidade, sendo sepultado no Cemitério São Sebastião.

Um bebê de 11 dias, internado em estado grave com quadro de bronquiolite, esteve na iminência de ser levado de helicóptero para internação no Hospital Regional de Três Lagoas, a 394 quilômetros de distância. Na última hora foi garantida uma vaga na Santa Casa em Campo Grande, bem mais tarde.

A tia de Rafael, bebê de um ano e um mês, fez uma postagem nas redes em tom de desabafo. O bebê deu entrada na sexta-feira no Hospital Elmíria Silvério com sintomas de bronquiolite. Segundo Aline Martinelli, no sábado pela manhã o médico de plantão deu alta para o sobrinho Rafael, receitando o uso de Aerolin (um broncodilatador) e recomendação de lavagem nasal, embora tivesse saturação baixa e quadro infeccioso, que indicaria a necessidade de antibiótico. Os pais resolveram por conta própria procurar viajar até Ponta Porã, onde procuraram um médico da família que internou a criança no Hospital Regional de Ponta Porã (242 km). Rafael está entubado e segundo os familiares está reagindo.

Quadro em Campo Grande a estrutura hospitalar de Campo Grande, que é referência para os pacientes de Sidrolândia em estado grave, está colapsada. Há uma fila de espera de quase 200 pacientes que aguardam nas unidades de pronto atendimento por uma vaga de internação. Desde a última quinta-feira a Santa Casa fechou o pronto-socorro adulto e infantil atualmente, cerca de 20 pacientes ocupam os leitos da área vermelha adulta, que dispõe de apenas seis vagas disponíveis. Na área vermelha pediátrica, há três leitos disponíveis, mas no momento seis pacientes estão internados, sendo cinco deles conectados a respiradores, necessitando de balões de oxigênio devido à falta de respiradores.