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Sidrolandia

PT muda abordagem para conquistar conservadores

Nas eleições de 1996, Zeca do PT perdeu a disputa para André Puccinelli (PMDB) por apenas 411 votos

Willams Araújo

08 de Novembro de 2010 - 07:46

O PT de Mato Grosso do Sul deve mudar a estratégia de campanha em 2012 para conquistar o eleitor conservador de Campo Grande e tomar o poder das mãos do PMDB. Na prática, os petistas acumulam uma série de derrotas contra os adversários peemedebistas na Capital.

Nas eleições de 1996, Zeca do PT perdeu a disputa para André Puccinelli (PMDB) por apenas 411 votos. Este foi o primeiro embate entre os principais rivais da política sul-mato-grossense. Zeca contestou o resultado na Justiça, mas perdeu a batalha política novamente contra o peemedebista.

Nas próximas eleições municipais, já como governador de Mato Grosso do Sul, Zeca apoiou o então petista Ben-Hur Ferreira em Campo Grande, mas André Puccinelli foi reeleito com ampla vantagem.

Ao deixar a prefeitura da Capital, quatro anos depois, Puccinelli apoiou o atual prefeito da cidade, Nelsinho Trad (PMDB). Mais uma vez, o PT foi derrotado, já que o candidato peemedebista venceu “de lavada” o sobrinho de Zeca, o deputado federal Vander Loubet (PT).

Em 2008 houve outra derrota do Partido dos Trabalhadores, quando Nelsinho se reelegeu com ampla vantagem sobre o deputado estadual Pedro Teruel. Ao comentar a série de derrotas do partido, o deputado estadual Paulo Duarte (PT) defendeu uma ampla discussão interna sobre o assunto. Para ele, a sigla precisa criar critérios para a escolha dos candidatos não só na Capital mas em todo o Estado.

O parlamentar também acredita que o PT precisa se renovar e até buscar lideranças novas para tentar conquistar o tradicional e conservador eleitorado campograndense.

“Quem sabe não é hora de buscar renovação, buscar até pessoas que estão em outros partidos e que têm vontade de vir para o PT, colocar gente que não foi candidato ainda”, detalhou.

Antes, porém, de acordo com o deputado, o PT precisa fazer uma análise interna, um balanço das últimas eleições, pensando em novas estratégias para o próximo pleito. “Isso passa por uma discussão interna. Não vejo sentido em começar a falar em nomes antes de fazer essa avaliação”, apontou.

Na prática, Paulo Duarte se refere, ainda que indiretamente, às sucessivas brigas internas entre Zeca e o senador Delcídio do Amaral. Parlamentares e lideranças petistas avaliam que a guerra entre as duas maiores estrelas do partido vem prejudicando eleitoralmente a legenda.

Conforme o deputado, a população já deu inúmeras provas de que gosta de renovação. Como exemplo, ele citou o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, e a própria presidente eleita, Dilma Rousseff.

“O Ruiter era um técnico, começou com menos de 3% e conseguiu se eleger, assim como a Dilma, que também nunca tinha sido candidata”, analisou. Sem esta avaliação interna e discussão de novas táticas eleitorais, o PT vai cometer os mesmos erros e perder novamente os espaços para o PMDB, avalia ele.

O deputado Amarildo Cruz (PT) também defende que estratégias diferenciadas sejam adotadas pelo partido na Capital. “Pode ser que o eleitor conservador não esteja entendendo nossa mensagem, então temos que falar com a academia, comerciantes, empresários, e detalhar nosso projeto”, comentou.

Para o deputado, a questão não é só buscar sangue novo para a disputa, mas trabalhar na mudança de abordagem do eleitor. O deputado Pedro Kemp, vice-presidente da Assembleia Legislativa, acha que o partido precisa fazer uma avaliação concreta das últimas eleições, detectar os possíveis erros cometidos e estudar com mais afinco o perfil do eleitorado.

“Precisamos ter um diagnóstico melhor, porque só 30% do eleitorado de Campo Grande têm simpatia pelo nosso partido”, detectou.