Policial
Conflito na aldeinha se radicaliza e grupo invade sede de associação
Flávio Paes/Região News
25 de Janeiro de 2012 - 14:12

A disputa pelo comando da Aldeinha Tereré que se arrasta desde setembro do ano passado, voltou a se radicalizar na manhã desta terça-feira, quando um grupo de 30 terenas, sob o comando de Maioque Figueiredo, que se autoproclamou cacique, invadiu a sala onde Valcélio Figueiredo, cacique com mandato até dezembro, atendia seus aliados. No local também foi montado o posto para matrículas dos alunos da escola que funciona na aldeia. O grupo invasor teria levado um notebook e o estoque de material de limpeza da escola.
Por pouco o confronto não descamba para a agressão física . O comandante do Pelotão da PM, tenente Ed Cezar, esteve no local acompanhado de três homens, na tentativa de acalmar os ânimos e contornar a situação.
O cacique Valcélio, coordenador municipal das políticas públicas para a população indígena, ainda é reconhecido pela Funai, Ministério Público Federal e o governador André Puccinelli como líder da comunidade.Ele resolveu evitar o confronto e entregou a sala para o grupo de Maioque se instalar. Valcélio transferiu para sua própria casa o atendimento às famílias que seguem sua liderança.
O estopim do racha no comando da Aldeia Tereré teve como pretexto o questionamento da destinação que o cacique Valcélio Figuereido deu aos R$ 60 mil repassado à comunidade pela Rio Brilhante Transmissora de Energia repassou como medida compensatória pela implantação de uma rede de energia que passa por Sidrolândia.
No dia 19 de setembro foi realizada uma assembleia quando um grupo de famílias votou pela destituição do cacique e a posse de Maioque, que trabalhava na Prefeitura de Dois Irmãos do Buriti e só vinha para Sidrolândia aos finais de semana.
Maioque tem histórico de radicalismo e truculência na sua trajetória como liderança indígena. Ele teria resolvido encabeçar esta oposição ferrenha ao cacique Valcélio (de quem é primo) depois de ser preterido para ocupar um cargo na FUNAI. É apontado como um dos articuladores de uma mobilização em maio do ano passado quando a coordenador da Funai, Edson Fagundes, foi feito refém na aldeia
Buriti. O motivo do protesto foi a substituição do coordenador das aldeias, Samuel Dias.
Antes, em março de 2010 dois funcionários da FUNAI também foram feitos reféns, porque os índios da reserva queriam que Argeu Reginaldo assumisse a coordenação. Os índios só liberaram os dois homens depois de uma negociação com a diretoria do órgão.
Em maio de 2010, 100 indígenas da Aldeia Buriti fizeram reféns o prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Wlademir Volk e mais 50 servidores. Na ocasião, os terenas reclamaram que receberam a promessa de repasse de recursos por parte da prefeitura, fato que acabou não acontecendo e motivando o protesto.




